Resenha por Guilherme Góes. Fotos por Fábio Besouro.
No último sábado (29/09, foi a vez do publico paulista conferir o show especial do H20 em comemoração ao aniversário de 10 anos de lançamento do álbum “Nothingpto Prove”, na casa Fabrique. Este trabalho é considerado o melhor disco da banda, sendo bem recebido pela crítica especializada da época e elevando a carreira do grupo para um patamar comercial.
Iniciando a gig, a abertura da noite ficou por conta da banda Instável. O grupo formado em 2017 na zona leste da cidade de São Paulo sequer possui um álbum full length lançado, mas já demonstra grande maturidade musical. Apresentando um som melódico com letras em português para uma audiência ainda reduzida, o quarteto mandou músicas da demo “Sigla” (2018) como “Legenda” e “Dividir”, além de outras músicas que estarão disponíveis em um futuro EP. O show apresentado foi empolgante e de extreme qualidade técnica. A banda Instável possui um ótimo trabalho e promete ganhar certa relevância na cena em um futuro próximo.
Seguindo, a clássica banda Questions deu continuidade ao evento. Após a exibição de uma arte com a hashtag “#elenao” (corrente virtual em protesto ao candidato Jair Bolsonaro) no telão de LED da casa, os integrantes da banda apareceram no palco com uma bandeira destacando a frase “contra ódio, fascismo e intolerância”. O vocalista Eduardo Andrade também declarou frases de apoio às manifestações populares protagonizadas por mulheres (manifestações “#elenão” e “Todas contra Bolsonaro” que haviam ocorrido no dia anterior na região central da cidade) e conscientizou sobre o evento “Hardcore contra Bolsonaro”, que iria ocorrer no dia seguinte na zona oeste da cidade.
Iniciando o set com “Life is a fight”, Victory Speech” e “Lutar”, o público reagiu no mosh, com alguns arriscando stage dives no palco da Fabrique. Destacando diversas imagens da carreira do grupo ao longo de quase 20 anos em atividade e artes do Revolback (nome artístico do vocalista Eduardo), a apresentação também contou com a nova música “Achismo” (que estará disponível no próximo trabalho do Questions, com lançamento previsto para 2019), participação do rapper w.yo em um cover dos Beastie boys e outras músicas clássicas como “Rise again”, “SPHC” e “The same blood”. A banda encerrou com a música “Strength” e um cover de “As one”, do grupo Warzone (o vocalista Eduardo solicitou a participação do vocalista Toby morse neste cover, mas o pedido foi negado). Como sempre, o set do Questions foi direto e alinhado. A banda teve uma “sacada” inteligente em exibir fotos durante o show, aproveitando bem a infraestrutura do espaço e mostrando algo inédito para os fãs que acompanham a banda tocando em pequenas casas de musica independente.
Em seguida, foi à vez de a apresentação principal encerrar a festa. Demonstrando certo conhecimento sobre os problemas políticos na qual o Brasil atravessa, a H2O exibiu uma imagem da cantora Madonna com a hashtag “#elenao” no telão do espaço. Em seguida, Toby Morse e seus companheiros iniciaram o show com “1995”, “Everyday” e “Family tree”, tornando o espaço em um verdadeiro pandemônio em meios a moshs e stage dives insanos. Variando entre músicas do álbum “Nothing to prove” como “Mitts”, “Sunday”, e “Fairweather Friend”, clássicos como “F.T.T.W”, “5 year plan” e “One Life, one chance” e a relativamente nova “Black sheep” do álbum “Use your voice” (2014), a banda não desanimou por um segundo, interagindo com os fãs na audiência e mandando diversas mensagens positivas entre os intervalos das músicas. Na emblemática “Nothing to prove”, Maximus Morse participou tocando bateria, encerrando a primeira parte do show.
Após uma pequena pausa, a banda retornou ao palco para um bis. O grupo apresentou uma versão “sing along” de “Memory Lane”, “Spirit of 84”, Guilty of Association” (que também contou a participação de Maximus Morse) e encerrou com a tradicional “What’s happened”, que contou com uma invasão de fãs no palco. Antes de saírem do local, os integrantes do H2O e Questions exibiram novamente a bandeira com a frase “contra ódio, fascismo e intolerância”. Ao se despedir do publico paulista, Toby morse afirmou que “não havia presenciado intolerância naquele espaço, mas sim paixão” e também declarou que “a missão do hardcore sempre será combater o racismo, a violência, o ódio e refletir sobre o que nos é imposto como aceitável e normal”.
Com exceção de alguns problemas técnicos no som na casa durante o início do set do H2O e de alguns fãs babacas que “queriam aparecer” no palco com “stage selfies”, tudo ocorreu perfeitamente bem. Todas as bandas apresentaram shows alinhados e com mensagens fortes, o que é de extrema importância para o momento turbulento em que estamos atravessando em nosso país. Quem optou por não comparecer ao show, imaginando que a sexta apresentação do grupo nova iorquino na cidade de São Paulo poderia ser repetitiva e monótona, cometeu um erro enorme. O H2O fez um show matador, mostrando o porquê de ser um dos principais nomes do hardcore mundial.
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