Confira o bate-papo de Guilherme Góes com Danilo da banda La Marca:
– Olá, Danilo e banda La.Marca. Obrigado pelo tempo cedido para essa entrevista. Primeiramente, poderia falar um pouco sobre a banda para quem ainda não conhece o trabalho de vocês?
Danilo: Fala, galera do Besouros!
O La.Marca está na ativa há dez anos (completamos agora em janeiro) e a nossa linha de som “viaja” basicamente pelos anos 90. Nós temos um EP lançando em 2009, um disco em 2012 e lançamos há alguns meses o nosso segundo disco. A banda também possui singles e já participamos de algumas coletâneas. No geral, nós somos “meio o contrário” das bandas, pois tocamos pouco e curtimos ficar em estúdio criando. A idade chega e cobra, né? (risos).
– Recentemente, o La.Marca lançou um novo álbum intitulado “A Nova versão de Uma velha estória”. Você poderia falar um pouco sobre o processo de gravação desse trabalho?
Danilo: O processo foi bem legal, a gente se diverte em estúdio. Às vezes, curtimos mais do que estar na estrada, para falar a verdade. Para gravar, até que rolou rápido. Nós já tínhamos muitas coisas definidas, pois produzimos lentamente todo o material para ter um trabalho mais rico e que tivesse um final que agradasse a gente.
– Qual a mensagem principal por trás do nome “A nova versão de uma velha estória”?
Danilo: Uma banda com dez anos precisa se reinventar. O La.Marca teve algumas mudanças ao longo desse tempo, com versões e visões novas sobre a vida. A banda é feita por pessoas que também passam por essas mudanças dia após dia. Na época em que fazíamos a pré-produção do disco, muita coisa aconteceu na vida de cada um da banda e sempre brincávamos com esse lance de “Nova versão” ao final de cada som finalizado, e isso acabou soando bem quando ouvimos todas as músicas que entrariam no disco. Tivemos a ideia de colocar esse nome e realizar toda uma mudança de imagem da banda, trocar o lance de “urbano pesado e negativo” para algo mais “urbano leve e positivo”.
“A nova versão de velha estória” ficou como estória, pois queríamos brincar com esse lance de faz de conta, porque sempre tem aquele papo de que a banda “virou/não virou” e o estória tem essa ideia de conto, ficção.
– A banda teve alguma influência especial durante as gravações desse novo material?
Danilo: E nítido e claro que nós somos “vidrados” em Face to Face e em tudo que vem dos anos 90: seja lá de fora ou do Brasil. Mas aí entra o gosto especial de cada um. Eu, em especial, tive muita influência do último disco do Blink (sou um velho que gosta de música de jovem). Além disso, também tive influência do novo do CPM22 e o último trabalho do Statues on fire (a banda que eu mais ouço). Geralmente, nós quatro não somos tão aficionados em buscar coisa nova, até ouvimos às vezes, mas principalmente das bandas que estão no corre igual à gente.
– Quais as principais diferenças entre o novo álbum e o trabalho anterior “Válvula de Escape’”?
Danilo: O álbum “Válvula de escape” foi gravado em um quinteto e tinha muito refugo de bandas antigas nossas. É um disco que tem de tudo, mas acho ele muito pesado em toda a ideia. O momento de vida era outro, a gente se matava trabalhando a semana toda e no final de semana queríamos soltar para fora a insatisfação da vida. É um bom disco musicalmente falando. Já o “Nova versão” trouxe um olhar novo sobre tudo, a gente está mais leve – mesmo eu sendo gordo (acostuma, pois faço piada de mim mesmo). Embora os tempos sejam difíceis, a gente está com isso na cabeça de trazer coisas boas. Coisas que nos remetem a ter esperança e isso certamente acabou ficando claro em boa parte dos sons. Musicalmente é um baita disco.
Resumindo: dois bons discos, mas com temáticas e visões totalmente diferentes do mundo.
– O álbum “‘Válvula de Escape’’ foi lançado em 2011 e somente em 2018 vocês resolveram lançar um novo material full length. Quais os principais motivos para um espaço de tempo tão longo entre os lançamentos?
Danilo: Se eu falar “grana” vai ficar manjado demais, né? (risos)
Na real, não foi isso. No final de 2013, nosso baterista se desligou da banda e só conseguimos fixar a formação no final de 2014. Durante esse tempo, também ficamos com apenas um guitarrista e resolvemos começar tudo do zero: desde composições as ideias para um novo trabalho.Em 2015, resolvemos soltar singles para ir sentindo a resposta da galera. Começamos a compor e produzir coisas novas, pensar onde gravar, com quem e toda aquela logística que precisa é que necessário para gravar um disco até o meio de 2017, que foi quando entramos em estúdio pra gravar.
– O novo álbum também possui algumas participações especiais. Você poderia falar um pouco sobre essas colaborações?
Danilo: Eu sou um vocalista preguiçoso e gosto de farra, gosto de ter amigos e pessoas que admiro musicalmente por perto. Foi assim no primeiro disco com o Badauí (CPM22), Jeff (Kacttus) e o Dedos (Aero). Neste último álbum, colocamos mais participações.
Nós chamamos o Reynaldo Cruz (Plastic Fire) para gravar a musica “Você é mais” – quem conhece sabe que ele é uma “figuraça” e muito amigo – pois a música desde o começo tinha a cara dele. Também chamamos o Amarula (Audiobase) para cantar “Outono” – esse é amigo nosso há pelo menos 13 anos, conhece a banda desde o começo, quase foi guitarrista e a gente gosta do vocal dele – e o Caio Cezar (Buena Onda) para a música” Skamarca” – esse é parceiro, animador de gravação, fã da banda e praticamente o quinto elemento do La.Marca e que ajudou na produção musical do disco dando vários “pitacos”. Nessa mesma música, chamamos o Tiago Nascimento (Kick Bucket) – eles fazem Jazz experimental e a percussão é com baldes; vale a pena acompanhar o trampo deles.Por fim, quase no fim da gravação eu tive a ideia de colocar a minha esposa Daniele para cantar em uma parte da música “Sonhos”. A Dani canta muito bem, até tentou seguir pra esse caminho musical, mas o dever com os estudos e o trabalho falou mais forte. De alguma forma, ela meu ajudou no processo todo, fez parte das minhas mudanças pessoais e quis retribuir isso. Todas essas participações trouxeram algumas coisas boas musicalmente para gente. Isso é inegável; além da vibe que cada um.
– Como tem sido o feedback dos fãs em relação ao novo trabalho até o momento?
Danilo: Nós fomos malucos em lançar um disco cheio alguns meses antes de uma eleição que já se anunciava um caos. Por esse motivo, o retorno não foi como esperado, mas a gente quis pagar pra ver. Infelizmente (ou felizmente – isso vai da cabeça de cada um), a galera estava com olhos em outras coisas e pode ter passado despercebido. Mas quem acompanha a banda e os amigos mais próximos deram uma resposta muito positiva.
– A banda irá completar 10 anos de atividade em 2019. Tendo isso em mente, vocês possuem algum plano especial para este ano?
Danilo: Queremos muito fazer uma festa de 10 anos e chamar quem já passou pela banda para tocar. Quem sabe um clipe, som novo… São ideias ainda. Sempre fomos adeptos do “deixa a vida me levar, vida leva eu” (claro, pensando um tiquinho).
– Nesses 10 anos em atividade, qual o momento mais memorável que teve tocando junto com o La.marca?
Danilo: Gostaria de destacar três momentos:
– Ter gravado com o Badauí do CPM22 a música “Uma saída”, em 2011. Para um cara que morava no extremo sul de SP, ter essa conquista é legal demais;
– Os shows em Minas Gerais em 2015 junto com nossos amigos do Arc Over. A Recepção do público foi ótima em ambos os shows (Belo Horizonte e Divinópolis);
– O show de lançamento do “A Nova Versão de uma Velha Estória”, em agosto de 2018. Foi muito legar observar todos os nossos amigos, a galera que segue a gente e as bandas parceiras ali prestigiando aquela conquista – Para nós, foi algo surreal.
– Danilo, obrigado pelo espaço! Diga algo para nossos leitores.
Eu que agradeço pelo espeço e pela oportunidade de falar sobre o La.Marca aqui no Besouros.net, acompanho o site e sei do corre que é botar as coisas pra funcionar; parabéns.
Leitores e seguidores, eu vos digo: ouçam nosso novo disco, compartilhem e propaguem a nossa mensagem. “Segue nóis” nessa internet louca de meu deus, comprem discos, tomem água e se divirtam mais e reclamem menos, pois faz bem para o coração de vocês. Ouve o tio que vocês passam de ano! Abraços.