Resenha por Rodrigo Vivian. Fotos por Fábio Martiniano (Besouro).
Na primeira sexta-feira após o feriado de carnaval a cidade de São Paulo foi agraciada com um show de uma das maiores lendas do punk rock, The Adicts, uma das poucas bandas da primeira geração punk que ainda continuam em atividade.
O local escolhido para apresentação foi o Carioca Club em Pinheiros, com toda certeza uma excelente escolha, já que o local conta com um bom camarote, uma pista grande, variedade de bebidas, e o melhor e mais importante, um som de qualidade o que tem faltado em alguns recentes eventos do gênero realizados na cidade. A abertura ficou por conta do Excluídos, que caiu como uma luva!
Por volta das 22:15 surge de fundo a clássica música “William Tell overture”, em seguida da também clássica “Funeral Sentences for the death of queen Mary” ambas imortalizadas por Stanley Kubrick em “Laranja Mecânica”, filme esse de extrema importância na história da banda, vide suas roupas de “Droogs”. No abrir das cortinas surgem os lendas do Adicts, lembrando que três deles são da formação original, o baterista Kid Dee , e o guitarrista Pete Dee (sim, eles são irmãos) e o carismático vocalista Keith Warren, popularmente conhecido como “Monkey”. Iniciaram de cara com “Let´s Go” seguida por “Joker in the pack” uma das canções mais conhecidas da banda. Com pouca conversa e muito som a banda saiu emendando um som ao outro numa bela sequência.
Houve um momento entre a pausa das músicas que o público puxou o grito mais popular do carnaval de 2019, aquele que se você foi em algum bloquinho certamente ouviu, “Ei Bolsonaro, vai tomar no $%”. Aparentemente a banda não entendeu nada que estavam gritando, mas educadamente abriram sorrisos e deixaram rolar, inclusive com Monkey saltitando e soltando uns backs de “Hey” valorizando ainda mais as homenagens ao atual presidente.
O set list foi muito bem escolhido, foi feita uma bela viagem entre todos os sucessos, deixando espaço para uma música do último albúm And it was so! de 2017, a escolhida foi “Talking Shit”. Só não escreverei que o set foi perfeito pois senti falta de “Straight Jacket” que engrandeceria ainda mais o set.
A apresentação de “Monkey” é de fato um ingrediente especial ao show, fazendo-o ser ainda mais espetacular. O cara é um frontman de respeito, consegue cantar bem, fazer coreografia, brincar com o público, tudo isso sem desafinar. Assim como os irmãos “Dee” tocando com vigor e ajudando nos vocais com backs afinadíssimos.
Para finalizar como de costume o guitarrista Pete Dee puxa o coro em “You´ll never walk alone”, cantada com grande emoção pelos presentes, bastava olhar nos olhos de todos. Essa é a hora que surgem as dezenas de bolas coloridas no show.
Uma das coisas que mais nos faz admirar a banda é que nela existem três senhores, senhores esses que exalam a paixão e o prazer de estarem tocando, de estarem fazendo uma turnê dessas com 11 shows em 20 dias. 20 dias com muita serpentina, confetes, bolas coloridas, mas principalmente de muito talento e energia em cima dos palcos.
Existe toda uma magia por trás do show deles, todos que já presenciaram alguma apresentação da banda sabem disso. Poderia finalizar dizendo que o show do Adicts é excelente pela performance teatral do seu vocalista, pela afinação da banda, por ser parte da história viva do punk rock. Mas acho que é mais, pois o show do Adicts é uma verdadeira celebração Punk, é uma festa entre amigos, amigos esses que terminam o show gritando em coro “que nunca caminharão sozinhos”.
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