Foto: Eduardo Costa
Resenha por Guilherme Góes
No último final de semana (dias 13, 14 e 15 de setembro) rolou a 6ª edição do Oxigênio festival em São Paulo. O tradicional evento de música independente contou com a produção da Gig Music e Hangar 110 e foi patrocinado pelas marcas Budweiser, Monster Energy Drink e Goose Island. Ao longo de três dias, a festa reuniu 39 bandas nos palco Side Stripe e Off the wall, além de muitas atrações interativas como workshops de arte, estandes de merch, games e Karaokê , mantendo a mesma dinâmica das edições anteriores.
Emmercia assumiu a responsabilidade de iniciar os shows do festival no palco Side Stripe. A banda selecionada em um concurso não decepcionou o público e apresentou um rock moderno com forte presença de sintetizadores e breakdowns. O grupo destacou as músicas do álbum O.Ú.S.S.A (2014) como: “Sonora” e “Cegueira Branca”. Surpreendendo os presentes de uma forma nada convencional, os rapazes também mandaram um cover em uma “versão metal” da música “10%” da dupla de sertanejo universitário Maiara e Maraisa. Para encerrar o set, a canção escolhida foi “Pescador de Tormentas,Pt. I” – novo single de trabalho que teve o lançamento de seu videoclipe oficial disponibilizado nas redes sociais no mesmo dia do evento.
Foto: Dayane Mello
Pela terceira vez consecutiva, o Bayside Kings marcou presença no Oxigênio. Mesmo sem muitas novidades no setlist, a banda santista dominou o público com a performance matadora do vocalista Milton Aguiar. O líder do grupo permaneceu na pista durante todo o set, dividindo o microfone com os fãs e participando do moshpit entre as energéticas Get up and try again, Refuse to sink e Another point of view. Durante os intervalos entre as canções, os integrantes fizeram diversos discursos de protesto em relação ao presidente Jair Bolsonaro e reforçaram a importância da união e do respeito dentro da cena underground no momento atual. Ao final do show, Milton revelou que o grupo está trabalhando em um novo álbum apenas com composições em português e que o trabalho será lançado no inicio do próximo ano. O quinteto encerrou a apresentação com a tradicional Still Strong.
Foto: Eduardo Costa
O Cefa estreou no Oxigênio durante essa edição. Com um som alinhado ao post hardcore tradicional, o grupo curitibano fez uma apresentação com riffs certeiros, harmonia alinhada e presença de palco cativante. Apresentando um setlist composto por diversos singles como “Vulcão”, “Fastasmas” e “Caleidoscópio”, a banda conseguiu explorar ao máximo a oportunidade de tocar para um público composto por fãs de hardcore e punk rock, além de permitir total participação dos fãs durante as canções.
Foto: Dayane Mello
Após a ausência na última edição de 2018, a banda curitibana Sugar Kane foi responsável por reunir a primeira leva expressiva de fãs na plateia do palco Off the Wall. O quinteto liderado pelo vocalista Alexandre Capilé transformou o espaço em uma pista de dança gigante ao destacar músicas que marcaram a adolescência de muitos dos presentes, como: “Medo”, “Velocidade” e “Janeiro”. O grupo também apresentou um novo single intitulado “Nuvem negra”, que foi mixado pelo produtor Gabriel Zander. Após a execução do single, Capilé prometeu um novo trabalho que será lançado pela Flecha Discos e que irá “colocar o dedo na ferida da nova onda fascista que anda assolando o Brasil”. Ao término do show, o ex guitarrista Rick Mastria foi convidado para participar nas canções “Despedida” e “A continuidade da máquina”, levando os fãs à loucura.
Foto: Dayane Mello
A veterana banda Dead Fish voltou ao festival para apresentar um set repleto de novidades. O grupo executou na íntegra o novo disco “Ponto cego”, trabalho que anda recebendo grande notoriedade no meio independente devido à contemporaneidade das composições. Entre as músicas “Sangue nas mãos”, “Não termina assim”, “Apagão” e “Messias”, o vocalista Rodrigo Lima fez críticas ao governo de Jair Bolsonaro, alertou sobre uma possível restrição da liberdade de expressão em um futuro próximo e disse que “a classe média deveria ao menos pedir desculpas pela burrada que fez ao eleger um presidente totalmente desequilibrado”. O líder também solicitou apoio do público com doações para as vitimas do incêndio no Viaduto Alcântara Machado em sua barraca de merchandising. Para a felicidade dos fãs que ainda estavam desconectados com as canções do recente material, o quarteto também destacou as antigas e clássicas “A urgência”, “Tão Iguais”, “Autonomia”, “Venceremos” (que contou com a participação do vocalista Wellington Marcelo do O Inimigo), “Afasia” e “Sonho médio”, fechando a noite com “Bem vindo ao clube”.
Foto: Eduardo Costa
Após as apresentações matadoras do Sugar Kane e Dead Fish, o CPM 22 segurou a responsabilidade de encerrar a primeira noite do festival no palco Off the Wall. O renomado grupo paulista já chegou detonando logo no início do set com a música “Atordoado” – clássica canção do disco “Chegou a hora de recomeçar” que dificilmente é executada ao vivo – e continuou com “Combustível”. Em seguida a banda destacou músicas do álbum “Suor e sacrifício” (2018), como “Honrar teu nome”, para depois revisitar o passado com diversas músicas importantes da carreira, a exemplo de “Regina Let’s go”, “Desconfio” e “Tarde de Outubro”. O destaque da apresentação foi a execução do b side “Mentiras novas”, que esteve ausente do setlist por quase 10 anos. Após o bis, o vocalista Badauí convidou o cadeirante Luke (jovem conhecido na cena de clubes em São Paulo pela presença constantes nos shows de hardcore) para participar no palco durante as canções “Um minuto para o fim do mundo”, Cidade Cinza” e “A cura”. Após quase 2 horas de apresentação e próximo das 3h da madrugada, o primeiro dia do festival foi encerrado ao som da música “Inevitável”.
Foto: Eduardo Costa