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DIA MUNDIAL DO ROCK 2004

Posted on Julho 13, 2004

(Fonte original: Rockwave)

Este Dia Mundial do Rock em 2004 é uma data duplamente importante. Primeiro porque, em 2004, o mundo anda comemorando os 50 anos do surgimento do rock. E segundo porque é neste ano. E este ano é diferente de todos os outros que as gerações que nasceram da década de 1970 pra cá já viram.
Vamos devagar…
Você não estava lá e eu também não, mas os livros de história dizem que primeiro a Segunda Guerra Mundial terminou e, depois disso, o rock nasceu. Demorou algum tempo, você sabe, mas nasceu. Você tem que atentar para o fato de que os meios de comunicação naquela época não eram nem sombra do que são hoje.
Imagina que você é um moleque num mundo em crise, em plena década de 1950 – porque o mundo todo tava num baita perrengue depois de duas guerras mundiais – olhando pra trás e vendo as cagadas que os adultos fizeram… O que você faria?
Mick Jagger, dos Rolling Stones, era um desses moleques que, anos depois, ia gritar muito apropriadamente as letras de “Street Fighting Man” e perguntar o que mais um garoto pobre poderia fazer a não ser cantar em uma banda de rock.
Esse garoto pobre poderia mudar o mundo.
Só que ele não sabia.
Ninguém sabia.
O rock, se você for ver direito, obviamente não nasceu cinqüenta anos atrás. Mas foi há 50 anos que o primeiro garoto pobre conquistou o mundo. Desde que Elvis Presley apareceu e deu corpo pra essa revolta toda. Especialistas em comunicação diziam que o rock era uma moda de verão (julho é verão nos EUA) e que não chegaria no próximo verão. Especialistas em comunicação, na década de 1950 – eram caras de 50 anos, aparentando ter 80, usando roupas de 120 e tendo por base pensamentos de pessoas que já estavam mortas há 150 anos.
O que aconteceu é que aquele rock de Elvis Presley já era um híbrido. Não era exatamente o r&b dos negros e tampouco era o country dos rednecks norte-americanos. Era um beijo na boca entre os dois. Era o som de um garoto pobre que não tinha mais nada pra fazer.
Não daria em nada, é claro, se os garotos pobres sem nada para fazer não fossem uma esmagadora maioria.
Você sabe, o rock é cruel com os mais velhos e, naquela época, mais que nunca, os mais velhos mereciam toda a crueldade.
Não era música de preto, como os norte-americanos quiseram taxar o rock logo que ele apareceu. Não era música de branco, como, depois de ver a soma dos lucros, os norte-americanos começaram a jurar. Era música de moleque, qualquer moleque, eu ou você.

Os velhos ficam mais velhos

O estado de velhice a que o rock se refere é uma velhice da alma. Aquela morte, lenta e confortável, a que nossa preguiça de buscar de tentar, de arriscar, de tentar saber, de errar, vive ameaçando condenar a todos nós, tanto aos 18 quanto os 81 anos de idade.
É contra essa burrice da alma que o rock se revolta.
Se você assistiu o filme School Of Rock/Escola do Rock, você deve se lembrar do personagem de Jack Black advertindo seus alunos que, se é pra fazer rock’n’roll é melhor tomar cuidado com “o homem/the man”. Ele explica: é o sistema, a máquina das engrenagens frias e metálicas que dilaceram pessoas e transformam tudo em salsicha.
É basicamente isso. Só que não é isso. O tal do “sistema” não pega você. É você que vai, aos poucos, fazendo parte dele. Como em Matrix: “The Matrix has you”.
“Está é sua última chance. Daqui pra frente, não tem volta”, diz Morpheus para Neo. “Você toma a pílula azul e acorda na sua cama, acreditando no que quiser acreditar. Ou, então, você toma a pílula vermelha e fica aqui, no País das Maravilhas e a gente vai ver até onde vai a toca desse coelho”.
A diferença entre um e outro é a diferença entre Che Guevara e Fidel Castro. Um fica com Cuba e faz o que bem entende lá dentro. O outro diz “ainda tem muita coisa pra acertar” e sai pelo mundo.
Atitude.
Isso é rock’n’roll.
Dizem que um homem não toma banho duas vezes no mesmo rio. Isso não impede que alguns tentem. Um homem tenta se banhar duas vezes no mesmo rio quando deita sobre os louros e fica lá pra sempre. Neste caso, ou mata-se o homem, ou mata-se o rio. Nos dois casos, o rock’n’roll está morto.

War Is Over

Pode olhar pra trás: você vai ver que o rock sempre volta pra tomar o que é seu. Enquanto a guerra comia solta no Vietnã, os hippies protestavam. Os movimentos estudantis bradavam contra o homem e o homem soltou seus cachorros contra aquela gente que não queria nada além de paz, amor e entendimento. Os Beatles diziam “Let It Be” (“deixe estar”) e os Rolling Stones diziam “Let It Bleed” (“deixe sangrar”) e, no final das contas, diziam a mesma coisa.
O que veio depois? Veio o levante punk de 1977 em que os Sex Pistols desceram o rio Tâmisa apresentando sua nova música, “God Save The Queen”, que saudava a Rainha como uma retardada. Aquele em que Richard Hell fez a famosa camiseta que nunca usou, onde lia-se as palavras “Mate-me Por Favor”. Não era decadência. A decadência era passado. Era armagedom. Era o fim do mundo que a gente conhecia.
Veio a Guerra Fria, veio a década de 80, veio a MTV e o vídeo matou a estrela do rádio. Veio a Guerra do Golfo com o pai desse Bush que agora é presidente dos EUA e, mais alto que as bombas, soaram, em seguida, aqueles acordes básicos e toscos de “Smells Like Teen Spirit”, do Nirvana.

E agora, José?

Olha agora, onde você está. Olha em volta de você e percebe o mundo.
Olha a lambança que George W. Bush fez no mundo com mais uma guerra sem noção.
Vê se o mundo está ficando quieto…
Ele é grande, ele está bem armado e ele é mais forte? Sim, é.
Olha onde você está e percebe o que anda acontecendo com os grandes, com os mais bem armados e os mais fortes.
A corda, que antes arrebentava para o lado mais fraco o tempo todo, está começando a não mais arrebentar…
Osama Bin Laden já mostrou ao mundo o que um pica-pau mais persistente pode fazer com uma nação apoiada em pernas de pau.
Você assistiu à Eurocopa ou, ao menos sabe que, quem decidiu o título foram os fortes, os grandes e poderosos Portugal e Grécia.
Você viu o Santo André sair do nada e dar descarga no Flamengo em pleno Maracanã.
Você viu, na NBA, o estelar Los Angeles Lakers levar um belo saponáceo do limitado e esforçado Detroit Pistons.
Você olha e vê hoje uma banda como o Pearl Jam, praticando talvez aquele que seja o ato mais rock’n’roll de todos. A banda, respeitada pela crítica e com uma base fiel de público, há uma eternidade sem gravadora, sem dizer uma única palavra, ameaçando mostrar ao mundo que é possível para uma banda – hoje, em 2004 – viver sem uma gravadora que fale por ela, uma banda que seja mantida apenas por nós e que cobra da gente o preço justo pelo trabalho honesto que eles fazem.
Você pode não ver, mas está aqui, na mesma barca que todos nós, os garotos pobres que não temos nada mais para fazer do que cantar em uma banda de rock’n’roll.

O futuro

No ano passado, fui em uma discussão no Teatro Augusta. O assunto era Sarah Kane, dramaturga britânica que estreou sua primeira peça aos 24 anos e seria hoje o maior nome do teatro por lá não tivesse ela morrido em 1999. O senhor jornalista que mediava o evento, especializado em teatro, ressaltou que a pouca idade da autora ao estrear sua primeira peça e arrematou, antes de dar o debate por encerrado: “Gostaria de saber onde andam os jovens autores do Brasil?”.
No meio do barulho das pessoas que se levantavam, eu tentei falar de um modo que não parecesse estar gritando como gostaria de estar: “E o senhor procura aonde?”.
É fácil pra qualquer jornalista ficar sentado em sua torre de marfim ouvindo discos e mostrando o polegar ora pra cima, ora pra baixo.
É muito fácil.
Só que, neste caso, o rock’n&#14
6;roll morre no meio do caminho.
E a gente anda meio cansado de ver o rock’n’roll morrer.
Então, fica ligado no Rockwave que ainda nesta semana, a gente coloca no ar uma Rádio Interativa com nada menos que 50 promessas para o futuro do rock.
Não são bandas que as gravadoras estão olhando, que já fizeram turnês pelo Japão e pela Malásia…
São bandas legais. E, se você gosta de rock’n’roll, você sabe: isso é tudo que elas precisam ser.

Fernando Tucori

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