Essa semana tivemos a moral de entrevistar o Barata, baterista da banda TEST, que falou um pouco de suas influências, da cena underground e dos rolês com a banda.
Entrevista por Fernando Fantini. Agradecimentos a Thay Priolli.
É uma honra ter você aqui no Besouros.net. Para começarmos, conta como você começou a tocar bateria e suas maiores influências? (Fora o AC/DC rs).
Po, dahora demais!
Cara, o que me fez tocar bateria foi o Loco Live do Ramones, então a minha maior influência são eles. Acho animal a simplicidade, a velocidade e o jeito que o Marky demarca as partes das músicas quase sempre nos pratos e quase sem usar viradas, estilo que ele copiou bem demais do Tommy Ramone. Acho que foi o disco que eu mais ouvi na vida e, se pá, consigo tocar ele inteirinho sem nem precisar ouvir denovo! Me chamem pra uma noite de Ramones cover aí!
Minhas influências na bateria são bem diversas, mas sempre dentro do rock. Mick Harris, John Bonhan, Pete Sandoval, Dave Lombardo, Boka, Phil Taylor, Iggor Cavalera, Bill Ward, Mitch Mitchel, Paul Mazurkiewicz são bateristas que influenciaram durante esses 21 anos que toco bateria.
Por quais bandas você passou até chegar no Test?
Po, várias!
A primeira era uma de punk rock, bem no estilo Screeching Weasel, chamava Seven Elevenz. Banda com meus amigos da escola e de onde eu morava, na M Boi Mirim.
Acho que, dessa banda, o único que ainda toca até hoje é o Testa, que tá no Lomba Raivosa.
Depois toquei no Trapizomabas, Skalaboca, Tri Lambda, Sick Terror e, minha primeira banda de grindcore e que eu toco até hoje o D.E.R..
Também fiz umas participações em outras bandas, fiz uns cinco shows com o Bandanos, toquei na turnê brasileira do Migra Violenta e gravei um disco, e fiz um show, com uma banda experimental chamada Three Corpse Piledriver, da Califórnia.
Quais maiores dificuldades você enfrentou no meio underground para tocar e divulgar seu trabalho?
O dinheiro e as pessoas que falam pra eu tocar mais baixo.
Como surgiu o Test?
Surgiu da vontade do João de ter banda outra vez. Ele tinha saído do Are You God?, fazia uns 5 anos, e tava louco pra tocar de novo. Me convidou pra tocar com ele e me mandou um som que tinha gravado. A música que ele me mandou era muito o tipo que eu queria tocar e topei rapidinho, isso em 2010.
Uma das peculiaridades do Test é que vocês colam de Kombi na porta de casas de shows e mandam o som ali mesmo, tive a oportunidade de assistir uma vez e achei fodido! Como surgiu essa ideia e como é a recepção da galera?
Tocar desse jeito, na rua, é uma das coisas que mais me dá prazer de fazer. Dá um puta trabalho e no dia do rolê uma vontade de ficar em casa de boa sem fazer nada, mas é sempre muito animal!
Apesar de todo o trampo é mais fácil fazer um show na rua, quando já tem outro show acontecendo, do que do jeito tradicional. A divulgação já tá feita, já tem uma puta galera pra ver o show, a gente não depende de ninguém além de nós mesmos… por isso começamos a fazer isso.
Conta um pouco de como foi tocar com os caras do Napalm Death e Cavalera Conspiracy?
Po, é foda! É muito foda ouvir uma banda, que é a sua influência, desde a adolescência e ver um flyer com o nome dessa banda e o nome da banda que eu toco. Ver o Max, o Iggor, o Shane usando camiseta, patche do Test, trocar ideia, dar um rolê de van com o Napalm Death… coisa que quando eu era mais moleque nem imaginava que era possível. É sensacional.
Li uma entrevista em que o Max e o Iggor (ex- Sepultura, Cavalera Conspiracy) em que ele fala muito bem do Test e que você é um dos melhores bateristas. Como é esse reconhecimento para você?
Esse da lista dos bateristas foi o Iggor, e isso foi foda!
Me colocou junto com Bill Ward, Phil ANIMAL Taylor, Mick Harris, Keith Moon, Peligro…
É foda, porque, como já disse, o Iggor é uma grande influência e um dos melhores bateristas do metal. Com o Sepultura ele criou um estilo dentro do metal e isso é pra poucos. As duas maiores características dele, como baterista, são as que eu mais admiro, sempre, que é a criatividade e a pegada forte na hora de tocar.
Por isso esse reconhecimento é foda demais.
Ter meu nome junto com o nome dos meus heróis não tem preço.
Como foi a turnê que o Test fez pela gringa? Por quais países vocês passaram?
A gente já fez oito turnês fora do país, foram três turnês nos Estados Unidos, duas por alguns países da Europa, uma por Portugal e Espanha e também México e Argentina.
A última foi em maio por Portugal e Espanha e no último show dessa turnê, em Lisboa, completamos nosso show de número 500.
Foi animal, um festival de portugal, SWR Metal Fest, nos chamou e aproveitamos pra fazer uma turnê de 20 dias por lá. Shows grandes, pequenos, em festivais, clubes e em alguns squats. Sempre muito animal!
Na sua opinião, qual melhor show que você já fez?
Pô, o melhor é impossível dizer… teve o do Abril Pro Rock, em Recife, que a gente tocou na pista e não no palco, os shows no Obscene Extreme, no Maryland Death Fest foi foda também… os shows na rua, Porto Alegre, Brasília, todos no nordeste, é muito show bom pra escolher um só.
O Test foi a única banda nacional a tocar no Liberation Festival, onde se apresentaram o King Diamond, Carcass e o Lamb Of God, como foi a responsa de representar o Brasil?
Uma das coisas mais legais que começaram a dizer quando falam do Test é que a gente é uma banda nômade. Eu acho isso animal porque eu não quero, nem com a minha banda e nem individualmente, representar bandeira nenhuma de nenhum país.
E porra… tocar com o King Diamond e com o Carcass foi foda! Um dos shows que a gente vai guardar o pôster com muito carinho num lugar de destaque no nosso estúdio favela.
Como você enxerga o cenário Grind nacional? Quais bandas você mais acompanha?
Tem muita banda boa pelo país inteiro… Hauser, Homicide, Siege of Hate, Desalmado, Baixo Calão, Facada, dá ficar só citando banda boa que a gente tem por aqui.
Como to sempre tocando junto com essas bandas, e também porque a maioria é de banda de amigo, acompanho de perto muitas delas.
Acho que as bandas precisam se valorizar mais e também fazer mais shows, mais turnês. Claro, é difícil porque causa de trampo, família e tudo mais, mas o melhor jeito de divulgar e ter prazer com a banda é viajar e tocar por aí.
Consegue listar 5 álbuns que mais te influenciaram como baterista?
Loco Live, South Of Heaven, From Ensalavement to Obliteration, World Downfall, Paranoid
Quais os próximos shows do Test e vocês tem material novo para ser lançado?
Dia 11 de julho, vai ter Test Big Band, de graça, no Centro Cultural São Paulo. Também tem Itaquaquecetuba, Carangola e Belo Horizonte em Minas, Serrinha na Bahia, e em setembro vamos fazer quatro shows na Colômbia.
Pra mais detalhes entra no nosso Facebook que a gente vai postando tudo lá facebook.com/testgrind
Acabamos de lançar dois splits 7″, um com o J.I Joke da Bélgica e outro com o Entröpiah, da Espanha.
Ainda esse ano vamos lançar mais dois splits 7″, um com o Cloud Rat dos Estados Unidos e outro, que na verdade é um 3 way, com o Chulo da Colômbia e o Exacerbación da Costa Rica!
Para finalizar, manda um recado para o pessoal que acompanha o Besouros.Net? Muito obrigado!
Motoristas que acompanham o Besouros.net, respeitem as bikes!
E obrigado vocês por se interessarem nas coisas que faço como baterista.
To ligado no site desde que começou, lá no começo dos anos 2000 e é dahora tá por aqui!