Prestes a desembarcar no Brasil, Alessandro Gavazzi, baterista e vocalista do Thousand Oaks (ex-Jet Market e Bed Time for Charlie), bateu um papo com Felipe Caetano sobre a história e futuro da banda e sobre a expectativa de tocar na América Latina.
– Saiba os detalhes da turnê que rola em abril/2018
Confira a entrevista:
1- Olá Alex, tudo bem? Depois de tantos anos vendo você tocando em vários projetos, finalmente surgiu essa oportunidade de fazer uma tourno Brasil com o Thousand Oaks, e só posso dizer que estamos muito felizes com a vinda de vocês! Quais são suas expectativas para a primeira tour sul-americana?
Estamos muito animados para finalmente ir ao Brasil, sonhamos com isso há muito tempo e ainda não estamos acreditando que agora temos a chance de torná-lo realidade. Esperamos nos divertir muito e esperamos que as pessoas curtam da nossa música.
2- Qual foi a trajetória inicial para a formação da banda? Como estavam cada integrante nesse momento do pontapé inicial?
Depois que nos saímos do Jet Market, Matteo, Agostino e eu começamos uma banda pós-hardcore chamada Midian, com a qual gravamos um Ep. Depois de alguns meses o projeto morreu, então decidimos começar a escrever algumas novas músicas de skatepunk. A ideia era escrever algumas músicas novas e tocar alguns shows. Rob se juntou à banda pouco antes de sairmos para a primeira turnê no Japão. No ano passado, ele saiu e agora estamos tocando com nosso amigo Ray que, por acaso, é da América do Sul.
3- O Thousand Oaks foi formado em 2015, desde lá como tem sido a recepção dos fãs?
Nós não sabíamos o que esperar, mas devo que dizer que o feedback foi surpreendentemente positivo.
4- Como são os shows e a cena punk/hardcore na Itália? Conte um pouco sobre os pontos positivos e negativos se houverem na concepção de vocês.
Eu tenho tocado e agendado shows na Itália há muitos anos e ainda não consegui entender como funciona. De acordo com minha experiência pessoal, a cena e a qualidade dos shows sempre se baseavam em tendências temporárias, círculo de amigos e, menos frequentemente, nas próprias bandas. No final das contas, quando você toca, espera fazer isso para muitas pessoas que realmente se importam com o show. Esses dois fatores são muito imprevisíveis e aleatórios em muitos casos. Você pode acabar tocando para poucas pessoas interessadas ou para um monte de gente indiferente. Nada nunca foi constante deste ponto de vista na cena punk hc em Roma ou na Itália em geral.
5- E sobre a Europa e outros continentes que vocês tenham ido, como tem sido a recepção?
Nós nunca fomos um grande nome, então, mesmo no resto da Europa, as tours e shows sempre foram uma loteria. Pode ser ótimo ou ruim, é um negócio justo, considerando que somos uma banda pequena. É pegar ou largar!
6- Vocês começaram com um excelente primeiro albúm, o Monsters Begetting Monsters, e recentemente lançaram um split tão bom quanto, com o Too Close to See do Japão. Quais os planos futuros da banda? Existe algum material novo que podemos esperar em breve?
Outra split está em andamento e será anunciado em breve. Gostaríamos de começar a gravar o novo material que temos para outro álbum completo no próximo verão. Estamos tocando as demos por enquanto mas esperamos que seja o mais rápido possível.
7- Vocês conhecem/gostam de bandas de punk/hardcore do Brasil?
A paixão de Agostino é Caetano Veloso, mas pessoalmente eu prefiro João Gilberto, bem … os álbuns punk antigos, é claro.
8- Contem pra nós o significado da banda, o por que Thousand Oaks?
Nós procuramos um nome por um longo tempo, então escolhemos o nome de uma cidade na Califórnia chamada Thousand Oaks.
9- Quais as maiores influências da banda? Seja música, filmes, livros, etc…
Nós sempre amamos o skatepunk desde os tempos do ensino médio, começando com o Nofx e ficando cada vez mais envolvidos. Nós sempre fomos grandes fãs de Propagandhi, Satanic Surfers, Belvedere, Bigwig e tentamos escrever músicas seguindo seus passos.
10- Recentemente na página do Thousand Oaks foi criada uma enquete para os fãs brasileiros escolherem um som do Jet Market para vocês tocarem aqui, uma banda que aqui é amada por muitos, não somente essa mas o Bedtime for Charlie e o Atlantic também! Alex existe alguma possibilidade futura de uma reunião do Jet Market, junto de uma grande tour?
Bem, nunca diga nunca, mas acho que é muito improvável. Nós tocaremos algumas músicas do JM de qualquer maneira, já que nunca tivemos a chance de tocar na América do Sul naquela época.
11- Na visão de vocês, qual a maior dificuldade hoje em dia em se ter uma banda de punk/hardcore?
Eu acho que depende de que tipo de banda você está tocando e da sua idade. No meu ponto de vista, é cada vez mais difícil misturar minha vida pessoal com a vida da banda. O tempo é primordial e é difícil encontrar tempo para ambas.
12- Na música The Charade Of The Guilty Innocents do novo split, temos uma pequena vinheta do filme Sicario que diz “You are not a wolf, and this a
land of wolves now”. Existe uma inspiração do filme em cima dessa música?
Essa música é sobre a migração de refugiados que está acontecendo agora e sobre todas as pessoas contra ela em nosso país. Muitas pessoas simplesmente seguem esse fluxo de ódio sem se fazer as perguntas certas, culpando os menos afortunados e ignorando o motivo de sua fuga. Então, de alguma forma, eles se tornam “lobos” predando aqueles que realmente não podem se defender.
13- Alex muito obrigado, agradeço imensamente sua atenção, e quero lhe dizer mais uma vez que estamos ansiosos pela primeira passagem de vocês aqui, e que essa seja a primeira de muitas vezes que veremos vocês em nosso solo! Fica aí o espaço pra você e pra banda mandar um recado pra todos que os aguardam!
Nós estamos contando os dias!!! Nós mal podemos esperar para nos divertimos juntos! Nos vemos em breve!