.:Bandas
The Red Lights Gang e Tiger Army
.: Local e data
29/04/2017 – Clash Club – São Paulo/SP
.: Fotos
Alessandro souza
.: Resenha
Marcial Balbas
E num frio sábado de abril (29) podemos por fim ver a lenda do psychobilly americano tocar em São Paulo. Aquele show que dificilmente viria ao Brasil, aquela banda que muitos já tinham até desistido de ver algum dia em suas vidas estava aqui, Tiger Army finalmente tocava em solo brasileiro. O local foi a Clash Club no bairro Santa Cecília.
Começando a noite, abrindo as portas da Clash estava a Red Lights Gang, banda paulista de “countryabilly”, que logo nos primeiros acordes já chamou boa parte do público que esperava na porta para dentro do local. A banda já tem 8 anos de estrada, um disco e uma tour européia, e mesmo não sendo uma banda de psychobilly tem certa experiência abrindo shows do estilo, já dividiram palco com diversas lendas do estilo, como o The Quakes (primeira banda de psychobilly americana), Long Tall Texans (UK), Gorilla (Hungria), e os inventores do psychobilly, The Meteors (UK).
O quinteto formado por Américo (vocal), Toro (guitarra), Fábio McCoy (bateria), Fil (violão) e Marcial (contrabaixo) fez o público ansioso dançar as músicas de seu disco “13”, começando com “Honky Tonk Devil Girl” cantarolada por muitos do público, mesclando influências tanto do rockabilly quanto da country music embalaram canções como “36 Bucks”, uma homenagem ao cantor americano Buck Owens, “Moonshine Queen”, e até músicas mais rápidas como “I’m the Rat” e “Burning Eyes”.
A banda promete lançar um disco novo no próximo ano, com canções inéditas.
Sem dúvida uma ótima escolha de banda de abertura, já aquecendo a pista para o Tiger Army.
Já com o público preparado, aproximadamente as 20:30, entra o trio no palco composto atualmente por seu frontman e único membro original Nick 13 (guitarra/vocal), Mike Fasano (Bateria) e o sérvio Djordje Stijepovic (contrabaixo), de costas ao público puxando a instrumental “Prelude: Ad Victoriam”, e ao virar já emendando “Firefall” do último album “V”. Música essa que tem sido a abertura de todos os shows dessa tour.
Já na sequência de “Firefall” entra “Ghostfire” de seu terceiro disco “Ghost Tigers Rise”, e logo em seguida a rápida “When the Night Comes Down” do segundo disco “The Power of Moonlight”. Incrível ver como som do Tiger Army passeia bem entre o hardcore, country, rockabilly e psychobilly sem perder a identidade da banda. Mistura perceptível não só no som da banda como também no publico do show, fazia tempo que não via um público tão diverso num show de rock, eram punks, góticos, skinheads, rockers e psychobillies, todos em harmonia de olhos atentos ao show.
Relembrando as raízes do rock e a “pasta base” do psychobilly Nick 13 puxou o clássico rockabilly de Eddie Cochran “20 Flight Rock”, numa versão mais acelerada, versão essa bem conhecida pela banda, presente em seu primeiro EP “Temptation” de 1997, como também em seu primeiro disco “I”.
Daí em diante pudemos acompanhar uma viagem entre os discos da banda, com o hit “Cupid’s Victim” cujo video clip chegou a passar em nossa finada MTV em seus tempos áureos. E a romântica balada presente em seu novo disco “V”, “Dark and Lonely Night”.
Nick 13 é um frontman e tanto! Fala bem entre as músicas, explica, questiona, quanto ao cenário político americano diz um “foda-se” e emenda já a clássica “F.T.W” (Fuck The World), e reitera um pedido de união entre as pessoas, mais música, menos política.
“Fecharam” com a rápida “Never Die” na qual Nick 13 agradece ao público e apresenta sua talentosa banda. Voltaram logo após um breve pedido de bis, e emendaram mais 3 canções, “Where the moss slowly grows”, “Afterworld” e fechando definitivamente com “Sea of Fire”.
Sem a devida atenção da crítica local, destaco a presença do talentosíssimo contrabaixista de nacionalidade servia (agora radicado na California) Djordje Stijepovic.
Djordje é um GÊNIO e não haveria outro músico que em minha opinião somasse tanto ao TA quanto ele, ótima escolha de Nick 13. Para quem não sabe, Djordje é um velho conhecido dos contrabaixistas do rockabilly/psychobilly tendo um canal do YouTube inteiramente dedicado a técnica do slap-bass (técnica usada no rocka-psychobilly que consiste em puxar as cordas do instrumento), chamado The Art of Slap Bass (youtube.com/user/bullfiddlecat), além de ter participado de diversas bandas de rockabilly, tocou também na interessantíssima Fishtank Ensemble, uma viagem entre a música cigana dos balkans ao flamenco espanhol. Vale a menção também que tocou junto de nada menos que Mr.Lemmy Kilmister (Motorhëad) em seu projeto rockabilly chamado Head Cat. Djordje deu vida nova ao Tiger Army substituindo seu baixista original Geoff Kresge, e mostrou técnica e precisão num show incrível.
Somos incrivelmente sortudos por havermos visto Tiger Army naquela que considero sua melhor formação de todos os tempos. E como disse Nick 13 no final do show, sim, esperamos muito que o TA volte para cá, e esperamos que isso seja logo!
Galeria de fotos:
The Red Lights Gang