Confira uma entrevista exclusiva com Gustavo Porto, vocalista do Safari Hamburguers! Banda de Santos do começo dos anos 90, que estava parada e volta Por Thiago Montgomer (Thiagones)! Agradecimentos pela colaboração para Fábio Magro.
Thiagones: Hoje a banda conta com Atibaia e Você (ambos ex-White Frogs). Nessa nova caminhada da banda, o som da banda vai sofrer algumas mudanças? Você acha que de alguma maneira pela linha vocal, vai trazer alguma influencia do WF (sendo que o próprio WF sofreu bastante influência do Safari)?
PORTO: Olha, a linha do Safari sempre foi bem diferente do WF… Safari é HC bagaceira, old school mesmo, já o WF era bem melódico na linha Califórnia. A linha “Safári Hamburguers” ta preservada, vocais agressivos e não tão melódicos….aquele estilo desespero do Safari antigo, com as atualizações da modernidade, equipos de primeira, gravação profissa…. Na verdade ate evitamos algo parecido com WF para não perdermos a identidade “SAFARIANA”, mais com certeza quem me ouviu cantar no WF vai relembrar no SAFARI, afinal minha voz ainda é a mesma… Mais meus cabelussss… hahahaha. Eu era careca, agora tenho alguns hehehe!
Thiagones: E como rolou a volta da banda?
PORTO: Então, a volta foi assim, Diogo (ex – “Overjoyed”) chamou eu, Atibaia e Fred (ex-“Sociedade Armada”, “White Frogs”) pra montarmos uma banda, pois todos estávamos parados no momento…..apenas projetos paralelos menores…..entende ? Dai o q houve… Após 3 meses de ensaio o MR. Zé Flavio (dispensa apresentações, né?) perguntou ao Atibaia : – Antonio (rsss) por que vocês não reativam o Safari ? Dai já viu né? Com a bênção do fundador, e um membro original (Atibaia) no line up ficou tudo lindo, e o Zé participou também da produção e ajudou a fazer as músicas novas.
Thiagones: A cena hardcore de santos, sempre foi uma das mais criativas e interessantes do Brasil, inclusive podemos destacar várias bandas como: “Garage Fuzz”, “Pschico Possessor”, “White Frogs”, “Vulcano” etc , e é claro o próprio Safari. Como você vê a cena de hoje, comparada com a dos anos 90? Você destacaria alguma banda nova?
PORTO: Olha… pra te falar a verdade não vou dizer que estou preocupado com a cena atual, afinal como diz o Mr. Atibaia tem certas figuras que nem merecem serem lembradas devido ao nada que trazem a cena, tipo, EMO pra ele não existe, ele fala: EMO WHAT? Nem sei o q é isso… Então, tipo na linha antiga, algumas bandas continuam levando a sonzera padrão HC… Das bandas q to ouvindo daqui posso te falar da “Tchaclack” e da “Go Ahead”, mais não são novas, novas mesmo fico com pé atrás, por causa desse lixo emo, entende? Mas não gostamos de levantar bandeiras contra um, ou contra outro, política da boa vizinhança, não vou fazer musica xingando os caras….afinal naquela linha inicial de raciocínio…eles não existem ! Não são dignos nem do nosso ódio, raiva, nada. Mas quando vem um cruzar meu caminho eu zou, mesmo…
Thiagones: Você acha que esses problemas de “modismo” que tem no Brasil é uma coisa do país mesmo? Porque tipo, esse país é foda, entra uma onda nova, ai vai aquela galera atrás.
PORTO: Isso é um fato… Sobre a moda, tudo que é moda passa. Tu vê algum grunge por ai hoje em dia? Então fatalmente pode ser que passe, se caracterizando como moda mesmo, ou pode ser simplesmente um estilo de rock com alguns seguidores como metal, progressivo ou esses novos estilos ai… new metal etc…sempre tem loko que gosta e outros que odeiam…
Thiagones: Por ser uma das pioneiras em fazer um Hardcore digamos “mélodico” no Brasil, o “Safari” foi muito importante pra bandas que vieram na seqüência dos anos 90. Qual a expectativa desses “começar de novo”? Seria um novo começo ou continuação do vinha sendo feito?
PORTO: Na verdade o SAFARI das antigas não era melódico, e sim tinha elementos de vanguarda, coisas que ninguém via no Brasil (e até no mundo em geral) quando se falava em punk rock ou hardcore, então por ser uma coisa nova é normal que tenha influenciado todos inclusive eu que pivete, com meus 16 anos ia atrás pra ver aquela sonzera inédita. Primeiro na fase em português, bem protesto mesmo com letras cuspidas na cara dos safados que temos que aturar políticos, empresários etc, na linha “Sociedade Armada” atual, sabe? A idéia agora continua essa, elementos de vanguarda pra quem ouvir dizer: – PORRA! Que SOM DO CARALEO É ESSE? Fazer coisas que ninguém faz, e quem ouvir o novo “SAFARI” vai saber que é “SAFARI” entende? Não perdemos a identidade. Então posso dizer que é uma continuação com elementos de vanguarda e a normal modernização do som….se bem que se tu pegar “Rise Up” ou “Lost Fun” que são hinos do primeiro CD “Good Times” , elas são atuais ate hoje.
Thiagones: Você comentou sobre as letras em português e vocês meio que fizeram o inverso, a 1° Demo tape era em português e depois mudaram para o inglês foi isso mesmo? E as novas músicas vão ser em inglês ou português ou os dois? E o que vocês acham de toda banda hoje em dia cantar em português?
PORTO: Olha, particularmente (digo por mim, Gustavo) eu gosto de cantar e ser entendido pelos outros, portanto acho que português pra quem ta no brasil é a língua ideal pra musicas, porem não fizemos isso. Os sons novos são em inglês, temos projetos de fazer em português alguma coisa, ao vivo vamos tentar e ver o que a galera acha, mas esse lançamento agora é todo em inglês.
Thiagones: E sobre todas as bandas depois do “Dead Fish” estourar cantarem em português, o que você acha disso?
PORTO: Cara eu toquei com “Dead Fish” em 95, e o som sempre foi louco, só que não compreendido. Depois dessa mudança que houve na música em geral, na verdade “Dead Fish” não estourou por que era em português, e sim por que era o momento deles. Com outras bandas na mesma linha e tal, eles viram que era uma brecha e se jogaram de cabeça. Só que a idéia do SAFARI e continuar a fazer o HC old school de sempre, estilo anos 80 lá fora e 90 no Brasil, e não da pra fazer isso em português, a sonoridade do idioma não é a mesma, fica estranho, tu deve entender o que eu to falando, mas eu (como vocal) to tentando mudar isso, mas é foda, não da pra falar de amor ou da minha mina, ou minha rua, ta ligado?
Thiagones: Estragar o som só pra traduzir um som num rola, acho melhor já compor em português ai acho que ate rola mais fácil.
PORTO: É isso, meu, fica difícil, mais quem sabe? Quem conseguir primeiro fazer um som em português na nossa linha, sem ser som de “mela cueca” ou tão agressivo vai sair na frente.
Thiagones: Como todo mundo sabe, o povo brasileiro é um povo sem memória, que esquece da sua história. Vocês acham que esse é um fator do hardcore (punk rock e vertentes) ainda não ter seu devido espaço no Brasil, como tem na Europa e nos Estados Unidos, sendo que lá as bandas lendárias são citadas e respeitas pela moçada, e aqui no Brasil muitas são esquecidas?
PORTO: Não, minha opinião o momento do nosso som no Brasil é agora, uma pa de bandas das anta aparecendo no banda antes, tu viu ? Então, quem quiser ser notado o momento é agora. Bandas dos anos 80 tipo “Titãs”, “Paralamas”, etc, não tem mais tanto espaço, o que pega agora é a nova geração, mais isso não é um problema exclusivo do Brasil não.
Thiagones: Você comentou agora há pouco sobre tecnologia e aparelhagem e talz, “Good Times” é um dos grandes clássicos do hardcore nacional. Você acha que se fosse hoje, regravado com toda essa tecnologia, e com toda experiência de vocês, teria o mesmo “feeling” de 13 anos atrás?
PORTO: Creio que não, naquela época tudo era difícil, mais eles respiravam HC, a vida deles era HC, e por isso saiu o que saiu. Mas prefiro não opinar muito sobre isso, pois na época eu era mero espectador… hahaha – no Maximo camarada e admirador deles.Não sei se você sabe, mas o pessoal da Cogumelo Recs (que lançou Lp Good Times) e agora do novo : ” Who Is Your Enemy Anyway ? ,eles remasterizaram o “Good Times” e ele vai sair como bônus junto com as 8 musicas novas.
Thiagones: Vocês colocaram o disco todo “Good Times” na net, como vocês acham que ta o lance da internet hoje em dia, ajuda mais do que atrapalha?
PORTO: Com certeza ajuda mais sim, pois, quem curte o som de determinado artista ate pode pegar umas mp3 e tal, mas com certeza vai querer o original, ou pra dar uma força ou pela qualidade final de um CD original, e na net você divulga pra todo lugar que tiver uma conexão mínima. Brasil, China, onde for.
Thiagones: Afinal o independente na verdade é dependente dos fãs né,tanto indo aos shows quanto comprando o merchandising das bandas ..
PORTO: Com certeza, e por ser em inglês as portas lá fora ficam abertas. Temos projetos e contatos de cair na gringa, pra shows e/ou gravações então divulgação pela net é dinâmica. Alem de ser muito bom receber e-mails do mundo todo elogiando e querendo saber quando será a turnê na América ou Europa, apesar de no momento isso estar um pouco fora do nosso orçamento.
Thiagones: Mano, valeu muitíssimo pela entrevista, e pra finalizar os Planos futuros do Safári. tours, shows , CD novo, hardcore doido, desenfreado e na pegada…
PORTO: Eu que agradeço pela força brother, então, agora é fazer acontecer né? Lançamento do CD, showzinhos sempre divugados no site, orkut, etc, talvez uma turnê com outras bandas, como foi o “circuito hardcore” nos anos 90… Queria deixar o site, e a comuna do orkut pra galera chegar junto e ficar on-line com as novidades do “Safári”, são sempre postadas no site, sempre atualizado.