Conversamos com Daniel Kruger, curitibano que hoje mora em Brasília, que ficou conhecido no cenário hardcore como o frontman do A-OK e que agora está de volta com a banda 30!
A banda 30 acabou de lançar seu álbum de estréia com 8 faixas (você pode ouvir no fim da entrevista) e tem dois shows marcados esse ano, abrindo para o Ignite e Satanic Surfers.
Confira:
A banda 30 tem remanescestes de várias bandas, como vocês se juntaram e criaram a banda?
Sou amigo do Rafael a mais de 10 anos desde a época das turnês do A-OK. Mesmo após eu ter me afastado dos palcos a gente sempre manteve contato. A banda 30 já vinha se reunindo tocando e compondo a algum tempo, montaram um time forte com uma galera que já tem bastante rodagem, pois passaram por muitas bandas. Quem começou no vocal foi outro grande amigo meu de Fortaleza que manda muito no vocal, o Bruno da banda Piron Heron. Infelizmente ele teve que sair, e aí rolou o convite.
O número 30 tem algum significado especial?
Quando entrei eles já tinham escolhido o nome. Pelo que me falaram é uma referência ao momento da vida deles, que na média estão com esta idade. Eu brinquei que se fosse eu a colocar o nome na banda pelo mesmo motivo a banda deveria se chamar 40. kkk
Vocês acabaram de lançar o álbum de estreia. Quais foram as inspirações para os temas das letras? Todas as composições são suas?
A letra de “Lado a Lado” é uma homenagem do nosso batera, o Bato, pro pai dele. Ele escreveu esta letra com muita carga emocional em cima, a letra é muito sincera e não tinha como não ficar do caralho o resultado.
O resto das letras são minhas. Discorri sobre vários temas, ideias que fazem sentido para mim neste momento. O diferencial do hardcore é e sempre foi você cantar sobre o que acredita, isso faz toda a diferença na troca de energia seja no show, no ensaio, etc. Faço uma metáfora entre ficção e realidade em “Político Zumbi”, falo, sobre os desafios de vencer e prosperar em “Talvez”, sobre percepções das mazelas do cotidiano em “Egoísmo”, “Mentiras”, “A parada” e “Tratamento de Choque”. Fiz uma letra até falando sobre um tema incomum nas minhas abordagens, falei sobre “Pesadelos”…. Achei que ficou legal, destas ai qual você achou mais legal?
“Pesadelo” é muito boa, acho que foi a que mais ouvi. Gosto bastante de “Mentiras” também! Fico entre as duas! Mas acho que ficou um álbum redondo, gosto disso em um disco, mesma pegada do começo ao fim, sem decair.
Depois de tanto tempo as bandas que te inspiram são as mesmas? Algo novo tem influenciado você?
Cara eu escuto muita coisa. As velharias são as mesmas, mas abrindo agora minha lista do Spotify de novidade tem Rival Sons, Mastodon, Rx bandits, Tesseract, Statues on Fire, Mais que palavras, Karnivol, Royal Blood, Calvet, Wolfmother, etc.
Os integrantes da banda moram em diferentes cidades e estados. Como funcionou a gravação deste álbum?
A distância. O primeiro ensaio mesmo da banda completa vai ser agora na sexta feira antes do show do Ignite. Eles gravam as linhas e me mandam. Se tem que alterar algo vamos acertando pela internet mesmo. Depois de todos os ajustes eu vou com esta linha no estúdio e gravo o vocal, depois mando pra eles e eles finalizam o que tem que finalizar de instrumento, a mix e a master. Fica fácil porque o Rafa tem um estúdio de gravação, mas é uma coisa louca pensar que temos um disco gravado e nunca ensaiamos. Novos tempos.
A banda já está começando com um reconhecimento imediato, e abrindo shows de banda como Ignite e Satanic Surfers. Como estão sentindo a receptividade?
Surpreendente. Não imaginei que este projeto seria tão bem recebido. Isso é muito legal porque demonstra que a galera está antenada no que aparece e valoriza o som nacional. A rede social também é uma parada que ajuda muito né. Rapaziada nova, rapaziada mais velha, todos dando feedbacks positivos. Não vejo a hora de testar o poderio destas canções ao vivo.
Quais os planos para o futuro da banda? Como vão lidar com o fato dos integrantes morarem longe?
Eu tenho meu emprego, minhas responsabilidades e minha família em Brasília, então não tenho como mais entrar em grandes turnês como antigamente. Mas vamos manter a chama acesa, continuar produzindo e sempre que rolar algum evento legal e os astros se alinharem o pau quebra.
Vocês tem planos de tocar em mais cidades além dos shows anunciados em São Paulo?
Como prioridade quero tocar pra minha galera em Curitiba e pra galera insana de Santos. Produtores contatem-nos.
Uma pergunta sobre o A-OK. Vocês as vezes se reúnem para alguns shows. Continuarão tocando?
O A-OK está mais difícil. Cada integrante está num canto, numa cidade e quase todos com filhos pequenos e muitas responsabilidades. Mas é aquele esquema, as vezes dá certo.
Muito obrigado Daniel! Gostaria de deixar um recado para quem curte a banda e sua carreira?
Mantenham sempre a chama acesa, apoiem as bandas e os produtores locais, os zines e os blogs que fazem isso por amor. Parabéns Fábio pelo Besouros.net e de resto saúde, paz e muita energia positiva para todos. Obrigado por tudo.
Ouça o álbum de estréia da banda 30: