Guilherme Góes bateu um papo com Rodrigo Vivian da produtora Blast, responsável por trazer esse ano os italianos do Thousand Oaks e agora em dezembro os austriacos do NUFO. Confira:
– Olá, Rodrigo. Obrigado por ceder um tempo para um bate papo. Para começar, poderia falar um pouco sobre você e sua ligação com o punk/hardcore?
Rodrigo: Poxa, faz tempo hein… eu ouço punk desde os 15 anos. Na época, meu irmão (Rafael Vivian) trouxe um CD que pegou emprestado com um amigo de escola. Era um CD pirata dos Misfits (risos), mas posso dizer que aquele dia mudou minha vida, pois desde então entrei de cabeça na bolha Punk Hardcore e nunca mais sai, como dizem por aí; foi um caminho sem volta.
– Como surgiu a Blast produtora? E por que quis tomar a iniciativa de tentar organizar pequenos shows de bandas internacionais aqui em São Paulo?
Rodrigo: Eu achei que a coisa por aqui estava meio parada, e, na verdade, fiquei com medo -assim como muitos- com o anúncio que o Hangar iria fechar. Decidi fazer algo a respeito para ajudar a cena e incentivar os shows, entrei em contato com algumas pessoas e bandas para entender algo que pudesse fazer. Tenho uma parceria legal com o selo Morning Woods (Holanda) e com a Running Music e juntos temos conseguido coisas legais. Hoje, estou vendo uma infinidade de shows locais toda semana, o que é maravilhoso, pois acho que o público já não pode reclamar de opções, pois toda semana tem algum show rolando.
– Em Dezembro, você irá trazer a banda austríaca nufo. Como foi o processo de organização? E quais as expectativas para essa turnê?
Rodrigo: O processo ocorreu naturalmente. Fizemos o contato, enviamos a proposta e a coisa aconteceu, inclusive com um line-up muito legal de bandas nacionais na abertura. Vai ser um show bem legal lá no Feeling dia 09/12… apareçam!
– Como foram os primeiros shows organizados pela Blast? Poderia falar um pouco sobre as turnês anteriores da produtora?
Rodrigo: Já tinha ajudado em produções nacionais no interior, mas a nossa primeira tour foi com o Thousand Oaks (Itália). Em uma visão geral, essa tour foi bem legal, mas erramos em algumas questões de logística como a data em São Paulo ter caído em uma quinta-feira. Acho que fora isso, tudo foi muito legal e pelo feed Back que recebemos do público que compareceu, a galera curtiu muito. Particularmente acho o Thousand Oaks uma banda excelente.
– Em sua opinião, quais os principais desafios que um produtor encara na hora de organizar uma turnê com bandas internacionais?
Rodrigo: Acho que o principal desafio é vender uma banda não conhecida aqui. Mostrar o porquê de fazer alguém querer sair de casa para ver determinada banda é um desafio. Não falo de bandas grandes das quais as pessoas fazem tatuagens, mas de bandas médias e pequenas do exterior. Este é sem dúvida o nosso maior desafio.
– Quais dicas você daria para quem está começando no negócio agora?
Rodrigo: Acho que o grande erro é achar que basta ter grana para trazer a “banda X”… A coisa está muito além disso e existem diversos fatores em jogo. Cada banda tem uma particularidade, por isso existem tantas bandas que nunca vieram fazer tour no Brasil, mas acho que qualquer um com um bom network e coragem consegue se envolver em produções do gênero.
– Atualmente, boa parte dos shows solicitam doações de alimentos (oferecendo meia entrada ou desconto no valor do ingresso). Você pretende aplicar essa política em futuros shows da Blast?
Rodrigo: Acho uma iniciativa muito bacana e pretendemos adota-la no futuro com certeza!
– Quais os planos da Blast para o futuro?
Rodrigo: A Blast tem mais duas turnês garantidas para 2019, fora às sondagens e conversas com outras bandas. Continuaremos com o mesmo perfil de bandas, mas já existem conversas para coisas maiores.
– Você poderia revelar alguma banda que pretende trazer no próximo ano?
Rodrigo: Ramones… brincadeira! Mas vamos soltar o anúncio essa semana, e a outra até o final do mês, ambas Skatepunk (uma da Europa e outra dos EUA/Califórnia).
– Agora, uma pergunta pessoal: se você pudesse organizar qualquer banda do mundo para uma mini turnê no estado de São Paulo, qual iria escolher?
Rodrigo: Sem dúvidas: Misfits!
– Obrigado pela atenção! Diga algo para nossos leitores.
Rodrigo: Primeiramente, obrigado pela oportunidade. Queria mandar um abraço pro Dalin (69 Enfermos) e um beijo pra Camila Santos (Designer). Ambos formam comigo a trinca da Blast e eles trabalham duro diariamente para que a coisa aconteça da melhor maneira possível; sem os dois provavelmente não existiria à Blast. Peço aos leitores que ouçam e conheçam bandas novas, pois as bandas precisam de vocês. Saiam da mesmice, existem coisas excelentes ocorrendo no hardcore mundo á fora. Consumam shows, merchs etc. Deixem a internet em segundo plano e apareçam nos shows. Para coisa não acabar, só depende de nós!