Resenha por Guilherme Góes. Fotos por Thiago Ramos.
No domingo dia 26 de agosto, aconteceu a primeira edição do Festival 1100 Graus de música independente, na cidade de Diadema (grande São Paulo). O evento foi organizado pelo Studio 1100 – espaço bastante conhecido na cidade por oferecer salas para ensaios musicais e sediar diversos pockets shows de bandas independentes.
O espaço escolhido para sediar o evento foi o Container Pub. O local aparenta ser um estacionamento adaptado com “bares containers”. Embora o Container Pub fosse bem localizado e tivesse alguma infraestrutura para esse tipo de evento, também apresentava algumas carências. O piso do local era extremamente escorregadio em algumas partes (prejudicando a experiência do mosh) e a visão do palco aos fundos da casa era bastante limitada. Esperamos que essas falhas possam ser corrigidas nas edições futuras do festival.
Após uma hora de atraso e discotecagem interna, o Fim do silêncio deu início ao festival. Formada em 1999 na cidade de São Paulo, a banda apresentou seu som hardcore para o público de Diadema, destacando músicas do novo EP “Como era antigamente” (2018). Embora o público presente ainda fosse bastante limitado, o Fim do silêncio realizou um set empolgante.
Logo em seguida, o Black Days subiu ao palco do Container Pub. A banda formada em 2014 por ex-integrantes de bandas como Savant inc e Gloria vem ganhando cada vez mais repercussão na cena hardcore paulista. Já com algum público na casa, a banda mandou um setlist composto por singles, agitou bastante com os fãs conhecidos e captou alguns novos em Diadema. Destaque para performance do vocalista Bruno Figueiredo, mostrando uma grande interação com o público e uma ótima presença de palco.
Seguindo, foi à vez do Amorfo. Formada em Diadema em 2015, era a banda mais diferente do line up. Apresentando um som mais voltado ao grindcore/crustpunk, o Amorfo realizou um set energético e repleto de discursos com críticas sociais. Apresentando as músicas do recém-lançado “Prazo Vencido” (2018), captaram a atenção do público, com alguns dos presentes arriscando um moshpit na pista escorregadia do local.
Após uma troca de instrumentos, foi à vez dos paulistas do Bullet Bane. A banda formada em 2010 já é bastante conhecida na cena hardcore paulista. Infelizmente, a banda dispensou o vocalista Victor Jorge na última sexta feira, mas os outros integrantes decidiram manter o show no festival em Diadema. Com participações dos vocalistas de bandas como Manual, Black Days e Pense, apresentaram um setlist com músicas do álbum “Continental” como “Gangorra”, “Encruzilhada” e “Mutação”. O futuro do Bullet é incerto, mas os fãs demonstraram total respeito e apoio em relação à decisão dos demais integrantes.
Já com a casa lotada, foi a vez dos veteranos do Chuva Negra. A tradicional banda paulista formada em 2010 mandou um set com as principais músicas dos álbum Terapia (2011) e Meio termo (2014). Set empolgante e divertido, com destaque para a participação do público durante o show.
Chegando ao bloco final, foi à vez do Questions. Formada em 2001, a banda uma possui longa história na cena paulista e reputação internacional. Após uma pequena gig na Casa de cultura de Santo Amaro, os integrantes vieram a Diadema para mais um set. Visivelmente cansados, mandaram um setlist com clássicos como “Life is a Fight”, “SPHC” e “Dischord”, mas também passaram por músicas novas como “The same blood”, “Lutar” e “Achismo” — essa ultima estará presente no próximo álbum da banda. Em meios de moshpits, stage dives e discursos positivos do vocalista Eduardo Andrade, o Questions apresentou uma verdadeira aula de Hardcore em Diadema.
Por volta das 21h00hrs, o Pense subiu ao palco do Container Pub para encerrar o festival. A banda formada em 2007 possui três discos full length e já é considerada um dos principais nomes da cena underground nacional. Esse foi o primeiro show do Pense na cidade de Diadema após o lançamento do disco “Realidade, Vida e Fé”. Seguindo a mesma dinâmica dos shows anteriores dessa nova turnê, iniciaram com a Intro do novo disco, seguiram com “Utopia”, “Corpo, mente e espírito” e “Levanta e vai”. Algumas músicas antigas como “Gota a gota”, “Aponte para o espelho” e “Máquina do tempo” não ficaram de fora do setlist. Após uma pequena interrupção no show devido a um início de briga na pista, o vocalista Lucas Guerra pediu respeito na cena, afirmando que “o hardcore é um modo violento de expressar as raivas e frustrações que todos somos vítimas no dia a dia”. No bloco final, mandaram “Todo momento é o agora” e “Eu não posso mais”. No final, os integrantes da banda dedicaram o show ao guitarrista Leon, da banda Dinamite Club (falecido no último sábado).
A iniciativa do 1100 graus festival de música independente foi bem interessante. A organização conseguiu levar boas bandas para uma cidade carente de grandes festivais. Esperamos mais uma edição deste festival em breve!
Onde aconteceu esse show?