Resenha por Guilherme Góes. Fotos por Fábio Besouro.
Quem compareceu ao show do Brujeria e Krisiun no Espaço 555 presenciou a força da cena do metal extremo em São Paulo.
Em plena terça-feira, com um clima nada amigável e com um trânsito intenso em boa parte da cidade, centenas de “camisetas pretas” compareceram para a gig organizada pela Agência Sobcontrole, demonstrando que o movimento ainda é bastante expressivo na maior cidade do país. O público bastante homogêneo das bandas – que ia de straight edges, passando por punks e headbangers “quarentões” com os filhos – tomou em peso a Avenida São João.
O local escolhido para a gig foi o Espaço 555. O espaço localizado no coração da cidade vem recebendo alguns shows de metal e punk desde o começo de 2018. A casa de médio porte possui dois andares, um bar nos fundos e permite uma boa visualização do palco em qualquer lugar do espaço. O som e a iluminação também não deixam a desejar.
A primeira banda da noite foi o Krisiun. Formada em 1990 na pequena cidade de Ijuí, no interior do estado do Rio grande do Sul, é o maior nome do Death metal Brasileiro, além de possuir enorme reconhecimento internacional.
Alguns minutos após às 20:00hrs, Alex Camargo, Max Kolesne e Moyses Kolesne subiram ao palco e iniciaram o show com a música “Ominous”. Com o público reagindo forte no “bate cabeça”, a banda seguiu “Ravager”, “Combustion Inferno”, “Blood of Lions” e “Ways of Barbarism”. Durante o set, o vocalista/baixista Alex Camargo agradeceu diversas vezes a presença do público, o apoio dos fãs ao longos dos anos e disse que “apesar de todos os problemas que ocorrem nesse país, o Krisiun tem orgulho de ser uma banda Brasileira”. Outros clássicos da banda como “Descending Abomination” e “Apocalyptic Victory” também não ficaram de fora. Ao término do set, rolou um cover de “Ace of spades” do Motörhead, solo de bateria e a emblemática “Kings of Killing”. Antes de sair do palco, Alex disse que dedicava aquele show à Augusto Tato (fã de longa data da banda que faleceu recentemente).
Após uma pausa para cerveja e uma troca completa de instrumentos no palco, foi a vez do Brujeria. O grupo formado no início dos anos 1990, em Los Angeles, se tornou o maior nome da música extrema Mexicana devido as letras polêmicas sobre satanismo, imigração e tráfico de drogas.
Um pouco depois das 22:00hrs, uma garotinha caracterizada com uma bandana em seu rosto subiu ao palco e anunciou a banda. Seguindo com uma versão “politicamente incorreta” e em Espanhol da música “Toybox” do grupo Witch Doctor, o Brujeria iniciou o set com a música “Cuiden a los niños”, levando a casa abaixo. Ao som de músicas como “La ley de plomo”, “Colas de rata”, “Hechando chingasos (Greñudo locos II)”, “Ángel de la frontera”, “Raza odiada (Pito Wilson)” e “Brujerizmo”, o Brujeria mostrou o porquê de ser o principal nome da música extrema Mexicana e continuar atraindo centenas de fãs Brasileiros para seus shows mesmo após diversas passagens pelo país. O grupo possui um alto apelo comunicativo com o público, tornando a performance da banda ímpar. A banda também apresentou novas músicas como “¡Viva Presidente Trump!” e “Satongo”, do disco novo Pocho Aztlan. Após “Marcha de odio” e “Revolución”, o vocalista Sangrón chamou algumas fãs presentes na audiência para segurar um cartaz, com “Si” de um lado e “No” de outro, durante a música “Consejos narcos”. Ao término do show, os vocalistas Brujo e El Sangrón “sacaram” os facões e mandaram a música “Matando Güeros” — clássico supremo da banda.
O Krisiun e o Brujeria não deixaram o público desanimar em momento algum. Ambas as bandas realizaram performances matadoras. Destaque para o carisma, simpatia e descontração por parte dos “frontmans” do Krisiun e Brujeria. Foi uma ótima gig para se aproveitar uma terça-feira e para notar a força do movimento underground na capital paulista.
Confira a galeria:
Brujeria
Krisiun