Resenha por Guilherme Góes e fotos por Dayane Mello.
“Só coisa fina”, afirmou o vocalista Bruno Figueiredo no inicio da apresentação de sua banda (Black days). Sem duvidas, essa frase define bem o line-up do Rajada Festival e o evento em geral.
No sábado (15/12/18), aconteceu a primeira edição do evento realizado pelo coletivo Rajada na Fabrique Club, com as bandas Pense, Bullet Bane, Ponto Nulo no Céu, Black Days e Manual. Inicialmente, haveria gravações de imagens desse evento para um futuro DVD com as bandas do coletivo, porém, segundo rumores, o projeto foi descartado. Além disso, o festival contou com patrocínio e apoio de marcas presentes na cena underground como Brutal Kill, Vans e Jack Daniel’s.
A casa abriu pontualmente às 15h00 e contou com sorteio de brindes e distribuição de bebidas. Após pequenas atrações interativas e seguindo com horário preciso, a banda Manual subiu ao palco da Fabrique às 16h00. O grupo paulista formado por ex-integrantes de bandas relevantes da cena como Hunger United e H.E.R.O apresentou um setlist composto principalmente por músicas do excelente álbum “Uno/Multiplo” (2017) como “Miopia”, “Primeiros Trintas”, “Tradição” e “Indomável”. O quarteto também destacou a música “Descendente” (que conta com a participação do vocalista Rodrigo Lima), sendo o grande destaque do set e responsável pela primeira movimentação em massa do festival. Infelizmente, o Manual se apresentou muito cedo, gerando reclamações do público que gostaria de assistir o show do grupo. No entanto, a banda fez uma incrível performance, com uma ótima conexão ao clima do festival.
Já com certo público dentro do espaço, a banda Black Days seguiu com o evento. Ainda sem um álbum Full length disponível, o grupo apresentou diversos singles como “A Ponte”, “Vida Que Segue”, “Latência”, “Lentamente” e as novas músicas “Espelho” e “Espiral” (que contou com a participação dos integrantes da banda dentro do moshpit na pista). O carisma do vocalista Bruno foi um espetáculo à parte, apresentando uma performance intensa com danças, movimentos exagerados com o microfone e intensa interação com o público. Ao termino do show, a audiência solicitou a música “Antidoto” (feita em conjunto com a banda Bullet Bane), porém, infelizmente, os integrantes não atenderam a solicitação dos fãs.
Após uma pausa para troca de instrumentos seguida com uma discotecagem interna que tocou desde Citizen ao grupo instrumental japonês toe, a banda catarinense Ponto Nulo No Céu prosseguiu com o Rajada festival. O grupo apresentou um setlist destacando música do último álbum “Pintando Quadros do Invisível” (2016) como “Horizontal”, “Norte”, “Telas” e “Por Entre Os Dedos”, mas não deixou de fora importantes clássicos da carreira como “Clarão” e “Sopro”. O público reagiu intensamente durante o set, arriscando stage dives, iniciando rodas e subindo ao palco para cantar junto com o vocalista Dijjy. Com um set animado, o grupo mais alternativo do line-up conseguiu captar o respeito do público hardcore que estava aguardando as bandas Bullet Bane e Pense.
Continuando, a banda paulista Bullet Bane subiu ao palco da Fabrique para seguir com a reta final do evento. Apresentando oficialmente o novo vocalista Arthur Mutanen (ex Alude), o grupo iniciou o set com a música “Curimatá”, seguindo com “Gangorra” e “A cura” (primeira música de trabalho do Bullet Bane com a nova formação, que já conta com um videoclipe no youtube). Após um pequeno dialogo do vocalista Arthur agradecendo o apoio do público em relação as recentes mudanças, a banda seguiu apresentando apenas músicas do excelente álbum “Continental” (2017) como “Amparo”, “Mutação”, “Fôlego” e “Labirinto”. A casa se tornou um verdadeiro pandemônio, com os fãs saltando do palco e iniciando rodas em torno da pista. A novidade desta apresentação foi o desempenho de Arthur no palco, demostrando muito mais segurança e intimidade com o público em comparação aos shows com o Circa Survive e o set no Oxigênio festival. Após um pequeno agradecimento do guitarrista Danilo Souza em relação ao trabalho e apoio do Coletivo Rajada, a banda encerrou o show com a música “hate and haste st.” - única música do álbum “Impavid Colossus presente no setlist – que contou com a participação do vocalista Cyro Sampaio (Menores atos).
Já com a Fabrique Club completamente lotada, a banda mineira Pense subiu ao palco da casa para encerrar o Rajada Festival. O grupo iniciou o set com a música “Revitalizar”, seguindo com “Existência” e “Andando sobre pedras”, alterando a ordem apresentada nos shows recentes. Após a tradicional “Intro” (que foi cantada em conjunto com os fãs), a banda prosseguiu com “Utopia”, “Levanta e vai” (novo single que já conta com um recente videoclipe) e “Aponte para o espelho”. Em meio a enormes rodas na pista, stage dives e pequenos wall of death, o quinteto prosseguiu destacando músicas do álbum “Realidade, Vida, Fé” (2018), mas também incluiu as músicas “Espelho da alma” e o “O que me cega”. Após um agradecimento do guitarrista Ítalo Nonato pela presença do público e pelo “corre” do Coletivo Rajada em organizar o festival, a banda encerrou o set com as músicas “Contra-cultura”, “Gota a gota” e “Eu não posso mais”, gerando uma enorme invasão de palco composta por fãs e integrantes das outras bandas presentes no set.
O Rajada festival foi espetacular. O evento contou com ótima organização, boas atividades interativas, bebidas a preços acessíveis, shows insanos e público respeitoso. O único ponto negativo foi a falta de interação das bandas com o público. Devido ao “horário apertado”, os diálogos dos integrantes foram limitados a agradecimentos pela organização do coletivo e a presença da audiência. No entanto, esse pequeno detalhe não retira o mérito da festa.
Esperamos futuras edições do Rajada festival em um futuro próximo!