Resenha por Guilherme Góes e fotos por Fernando Yokota.
Após a matadora edição de outubro que contou com a participação de importantes nomes do metal nacional no line up como Violator e Damn Youth, o Kool Metal Festival retornou ao Carioca clube no último domingo (10/11/2019) para fazer a alegria dos fãs de música extrema em um espaço de apenas uma semana.
Mesmo com uma baixa movimentação de fãs no início da tarde, a casa foi aberta pontualmente para o público geral às 15h00. Com a mesma responsabilidade e respeito ao público, o show da banda Eskröta começou exatamente dois minutos antes do horário marcado. Após uma introdução com declarações polêmicas do ex-presidente Michel Temer e do atual chefe de estado Jair Bolsonaro, o trio começou a agitar os presentes com músicas do trabalho “Eticamente questionável” (2018). A apresentação também contou com a participação de John, que substituiu a baterista original por um ano enquanto ela estava em um intercâmbio em Moçambique, além da inédita “Cruzamento maldito”.
Após um intervalo de apenas alguns minutos, a banda Cemitério seguiu com a responsabilidade de não deixar o público do festival desaminar. Apesar da ausência de novas músicas e com o setlist sendo composto apenas por músicas do álbum “Cemitério” (2014) como ”A Casa Do Cemitério”, “Holocausto Canibal” e “Pague Para Entrar, Reze Para Sair”, o quarteto dominou a pista com seu som grindcore extremamente rápido e com letras macabras com várias referências aos clássicos do cinema gore/trash.
Em seguida, foi à vez dos caiçaras do Surra. O trio representante de um estilo conhecido como trashcore mostrou velocidade, técnica e uma aula de interação com o público (apesar dos diálogos reduzidos devido ao tempo cronometrado dos sets). Com as músicas do já respeitadíssimo álbum “Bica na cara” (2012), o grupo foi responsável por movimentar os primeiros circle pits e stage dives do evento.
Durante a música “Obrigado aos envolvidos”, o vocalista/guitarrista Léo Mesquita arremessou uma boia de um pato de borracha no público, ironizando os manifestantes da FIESP. Após um pouco mais de 20 minutos de porradaria total, o show foi encerrado com a música “Hora da merenda”.
Já com a pista do Carioca Club completamente tomada, a banda Nervosa seguiu com a reta final do evento. Após a recente passagem pelo festival Rock in rio, as garotas do thrash metal mostraram as músicas furiosas que as colocaram entre os destaques da cena de metal extremo nacional, entre elas: Raise yourfist, Kill the silence e Death. Durante um intervalo entre as canções, a vocalista Fernanda Lira afirmou que tocar no Carioca Club lotado era a realização de um sonho, já que costumava acompanhar shows de suas bandas favoritas no espaço desde a adolescência. Contando com uma chuva de stage dives e a participação de integrantes da Eskröta, a escolhida para encerrar o set foi Into Moshpit.
Seguindo o mesmo padrão de uma gig que ocorreu no ano passado, a banda Krisiun foi responsável por aquecer o palco para o Brujeria. O trio gaúcho já começou o set levando o público à loucura com a clássica canção King of killings, emendando com Ravager e Combustion Inferno. Variando um pouco das últimas apresentações, as músicas do álbum Scourge of the Enthroned (2018) tiveram menos protagonismo no setlist, com apenas a música que leva o titulo do disco sendo tocada durante a apresentação. Os efeitos especiais no telão de LED do Carioca clube complementaram o espetáculo, exibindo uma sequência em formato de HQ (historia em quadrinhos) com os encartes dos álbuns da banda. Para alegria dos fãs mais fervorosos, o grupo variou bastante entre músicas de antigos trabalhos, como: Blood of Lions, Descending Abomination e Vengeance’s Revelation. Como de costume, a música responsável em fechar com chave de ouro foi a tradicional Black Force Domain.
Depois de tantas bandas e horas de música extrema, a responsabilidade de encerrar o festival ficou por conta da atração internacional Brujeria. Assim como em todas as apresentações do grupo, o set foi iniciado com uma versão politicamente incorreta da música Witch Doctor, seguindo com Cuiden a los niños e La Ley De Plomo. Durante o intervalo, o vocalista Juan Brujo ironizou o público ao perguntar ¿Que se pasa? (referindo-se a eleição de Jair Bolsonaro) e disse que o Estados Unidos também enfrenta o mesmo problema de intolerância e preconceito com o presidente Donald Trump. Em seguida, a banda prosseguiu com Lord Nazi Ruso, Satongo e El desmadre.
Durante todo o set, a apresentação foi prejudicada com fãs inconscientes que subiam ao palco para chamar atenção e roubar o microfone dos músicos. Apesar dos impasses, o quinteto ofereceu uma resposta máxima ao público, revisando clássicos como: Revolución, Brujerizmo, Anti-Castro e Raza odiada (Pito Wilson).
Como já esperado pelos presentes, a noite foi encerrada com as canções Matando Güeros (com os vocalistas empunhando facões a destacavam a bandeira do México) e Majihuana.
Após alguns anos fora de atividade, o Kool metal fest voltou com força total! Reunindo um line up de peso em um ambiente com ótima infraestrutura e acústica, o evento fortaleceu de forma impactante o cenário metal paulista.
Confira a galeria de fotos por Fernando Yokota: