Resenha por Rodrigo Vivian. Fotos por Freitas Júnior.
No último sábado rolou o festival “Garotas à Frente” uma excelente iniciativa da produtora Powerline, que de quebra trouxeram como headliner uma das bandas feministas mais conhecidas do mundo, a Pussy Riot.
Bloody Mary Una Chica Band, como o nome já sugere a banda de uma mina só, inquestionável a qualidade do seu som, a baterista e guitarrista Marianne Crestani sozinha simultaneamente tocando ambos instrumentos fazia um som tão perfeito que se tocasse com as cortinas fechadas você imaginaria que tinha umas 4 pessoas tocando! Pela tamanha qualidade e talento foi muito ovacionada pelos presentes, aliás um outro ponto positivo foi que o público entrou em grande parte para a primeira apresentação, algo que infelizmente não é muito frequente.
Na sequência surge o quarteto Sapataria, já na mais pura pegada hardcore, ou como elas mesmo se definem Dykecore. Foi mais um show muito bom, as meninas são pura energia com letras de qualidade que costumam falar sobre experiências das integrantes. Conhecidas por gritar alto sobre questões LGBTQ, você certamente ainda ouvirá muito sobre essa banda .
A Pussy Riot, a principal atração da noite entra no palco para encerrar o festival, e de uma maneira muito diferente das demais atrações. Na verdade veio somente a vocal Nadya Tolokonnikova! Ela contava com outra integrante ao fundo que cuidava das bases eletrônicas e por muitas vezes tocava guitarra, mas não foi divulgado se era membro oficial da Pussy Riot. Longe de ser um show Punk ou hardcore (como os que cobrimos por aqui), muito mais próximo de um pop eletrônico. O Fabrique se tornou uma verdadeira balada! O ponto negativo foi o abuso dos playbacks e as luzes mantidas baixas a pedido de Nadya, o que acabou dificultando a vida dos fotógrafos. Em um determinado momento Nadya convidou duas dançarinas (brasileiras) com balaclavas ao palco que praticamente participaram de boa parte do show.
Num todo ela conseguiu passar a sua mensagem. Nadya é sem dúvida um grande exemplo de resistência e também sobrevivência, inclusive nos fez lembrar no telão que shows como os que tivemos a oportunidade e conveniência de acompanhar são proibidos na Rússia. Não é segredo pra ninguém sua história de luta e sua prisão.
Em um determinado momento disse sobre algo que nós brasileiros somos mestres: criação e compartilhamento de memes! Na Rússia memes com figuras públicas são proibidos, passivo de prisão, assim como músicas que falem sobre drogas e álcool.
Num todo valeu muito à pena essa noite, e novamente parabéns pela iniciativa desse festival! Chega de festivais mais do mesmo, com as mesmas bandas, sem espaço para a diversidade! Esse formato foi incrível, teve as poesias da Ingrid Martins, exposições de trabalhos artísticos, roda de debate, bandas de distintas sonoridades mas muito próximas na luta e no questionamento. É cada vez mais importante que surjam eventos assim, que vão muito além da música.
Confira a galeria por Freitas Júnior: