.: Bandas
Direction, Sugar Kane, Garage Fuzz, Belvedere, Comeback Kid, Dead Fish e Pennywise
.: Data e Local
01/12/2018 – Arena Barra Funda – São Paulo/SP
.: Resenha por
Guilherme Góes
.: Fotos por
Fábio Martiniano e Freitas Júnior
No último sábado, a cidade de São Paulo recebeu a terceira edição do We Are One festival. O evento é conhecido como um dos melhores festivais voltado ao público punk rock e hardcore da América do Sul. No lineup deste ano estavam: Direction, Sugar Kane, Garage Fuzz, Belvedere (CA), Comeback Kid (CA), Dead Fish e Pennywise (US).
Diferentemente das duas edições anteriores, o festival não ocorreu no Carioca Club Pinheiros, sendo realizado na Arena Clube Barra Funda. O We Are One 2018 também contou com patrocínio de marcas como Rattus clothing, Action Merch, Jack Daniel’s, entre outras.
A abertura do espaço aconteceu às 14h40, com 40 minutos de atraso em relação ao horário marcado na página oficial do evento. Após a acomodação do pequeno público presente no início do evento, a banda Direction deu o pontapé inicial no festival. O grupo destacou músicas do álbum “Mesmo Horizonte” (2017) como “Conta comigo”, “Palavras vazias” e “Nesses dias”, reforçando mensagens de apoio a defesa dos animais entre os intervalos. Antes de executar a música “Missão: Destruir”, o vocalista André Vieland fez um pequeno discurso criticando a política do futuro presidente Jair Bolsonaro em diminuir regulamentações para empresas que realizam atividades de desmatamento na floresta amazônica. Ao termino do show, o baixista Thiago de Jesus agradeceu a presença do reduzido público presente na pista e brincou afirmando que “esperava que fosse tocar para ninguém e que a atenção dos presentes foi boa para a autoestima da banda”.
Em seguida, foi a vez do Sugar Kane prosseguir com a sequência de shows do festival. Após algum tempo fora de atividade, a banda curitibana liderada pelo vocalista Alexandre Capilé entregou um dos melhores shows do evento, apresentando um setlist baseado no último trabalho “Ignorância Pluralística”, mas também incluindo ótimos hits dos trabalhos anteriores como “Medo”, “Continuidade da maquina” e a música “Velocidade” — responsável pela primeira roda punk do dia. Infelizmente, a banda tocou muito cedo e o público presente ainda era reduzido, mas os integrantes foram aplaudidos pela pequena audiência da pista.
Foto por Freitas Júnior
Após uma pequena pausa para os presentes comprarem cervejas nos bares e algumas camisetas nas barracas de merchs, a banda caiçara Garage Fuzz prosseguiu com a festa. Já com um maior público dentro do espaço, o grupo agradeceu a presença da audiência e iniciou o set com a música “Dear cinnamon tea”, seguindo com as músicas “Pay your dues e “Cortex”. Sem muita conversa, a banda continuou o set com as clássicas músicas “House Rules”, “Shore of Hope” e “A Mutt Running Nowhere”, com os fãs iniciando pequenos circle pits e fazendo crowdsurfings. Após um anúncio do baixista Fabricio Luiz convidando os presentes para a edição anual do Fuzz Fest (evento organizado pela banda na cidade de Santos), o grupo encerrou o show com a música “Embedded Needs”. Show curto, mas extremamente direto e animado, cativando a reação dos fãs durante todas as músicas.
Depois de uma pausa para troca nos instrumentos, os canadenses do Belvedere subiram ao palco e a banda iniciou o set de “maneira relâmpago”, captando a atenção o público de forma repentina com a música “Shipwreck“. Na primeira parte do setlist, a banda destacou algumas músicas do último álbum “The Revenge of the Fifth” (2017) como “Hairline” e “Years”, mas depois prosseguiu apresentando os ótimos hits dos trabalhos anteriores como “Subhuman Nature”, “Three’s A Crowd”, Slaves To The Pavement”, “2nd Column” e “The Only Problem With Wishful Thinking”.
Durante o show, ocorreram diversos problemas técnicos, com o som apresentando ruídos e chiados, resultando em reclamações por parte dos presentes na pista. Mesmo com alguns impasses, o grupo levou todo o público da Arena Barra Funda ao delírio durante quase uma hora, com fãs reagindo insanamente no moshpit e crowdsurfing. Steve Rawles mostrou o porquê de ser um dos melhores frontmans do skatepunk, brincando com a audiência, dançando, fazendo caretas e sentindo totalmente à vontade no palco, comandando a situação de maneira impecável. Ao termino do show, Steve solicitou ao publico uma reação igualmente insana durante o show dos amigos canadenses do Comeback kid e a banda encerrou o set com as músicas “Closed Doors” e “Brandy Wine”. O set frustou as expectativas de alguns, mas o show do Belvedere conseguiu agradar os fãs mais fervorosos.
Na sequência, foi a vez da banda mais pesada do lineup. O Comeback Kid já iniciou o show destruindo tudo com a música “False idols falls”, que contou um enorme circlepit na pista e a participação do vocalista Andrew Neufeld, que saiu do palco e foi cantar a música com os fãs na grade de segurança. Em seguida, Andrew retornou ao palco, afirmou que foi eletrocutado e que, por questões de segurança, não iria mais retornar à pista. Seguindo com a apresentação, a banda emendou as musicas “Surrender Control” e “G.M. Vincent & I”. No intervalo entre as músicas, Andrew afirmou que os fãs brasileiros são sempre mais fervorosos em comparação com o público de qualquer outro lugar do mundo, agradeceu o apoio do público ao longo dos anos e disse que a banda irá retornar ao país após o lançamento de um novo material. Seguindo após uma pequena pausa, a banda voltou ao set com as músicas “Do Yourself a Favor”, “All in a Year”, “Wasted Arrows”, “Should Know Better” e a nova “Somewhere, Somehow”, principal single do último álbum “Outsider”, lançado em 2017. Depois da sequência de músicas, Andrew solicitou uma salva de palmas da audiência para o guitarrista Jeremy Hiebert, — que teve seu segundo filho no final do mês passado – e a banda encerrou o show com as músicas “Die Knowing”, “Lower the Line” e a emblemática “Wake the Dead”, que contou com um “sing along” dos fãs no início da música e um dos moshpits mais agressivos do festival.
Foto por Freitas Júnior
O Comeback kid realizou uma das apresentações mais viscerais do dia. O vocalista Andrew Neufeld comandou o público com maestria e apresentou uma performance totalmente empolgante, correndo pelo palco, dançando e solicitando o apoio dos fãs. Show de qualidade inigualável.
Próximo ao termino do evento, a banda capixaba Dead Fish foi responsável em aquecer o público para o Pennywise. O grupo iniciou o show com a música “Venceremos” e seguiu com uma sequência que misturava músicas do álbum “Vitória” (2015) e clássicos como “A urgência”, “Tão iguais”, “Autonomia” e “Molotov”. O vocalista Rodrigo lima fez críticas ao presidente eleito Jair Bolsonaro e reforçou para os fãs a importância de demostrar resistência durante o próximo ano.
A banda encerrou o show com uma sessão composta pelas músicas “Sonho médio”, ”Proprietários do terceiro mundo”, “Bem-vindo ao clube” e “Afasia”. O show contou com a participação de Igor Tsurumakida (Sugar Kane) no baixo, pois o integrante original Alyand Mielle está passando por um processo de repouso após uma cirurgia. No entanto, a banda conseguiu apresentar um set com ótima qualidade e sem interferências, agradando seu público fiel.
Após com uma troca que instrumentos no palco que durou quase uma hora, os integrantes do Pennywise surgiram no palco da Arena Barra Funda para encerrar a terceira edição do We are one festival em São Paulo. O vocalista Jim Lindberg subiu ao palco filmando o publico com uma câmera e após o tradicional “Are you ready?”, a banda iniciou o show com a música “Peaceful Day”, seguindo com “Rules”, “Homesick” e “Same old story”. A pista do espaço tornou-se um verdadeiro pandemônio, com um moshpit gigantesco sendo mantido pelos fãs de maneira incansável durante a primeira parte do show. Em seguida, Jim Lindberg e Fletcher interagiram muito com o público, fazendo discursos políticos sobre os Estados Unidos e critícas ao presidente estadunidense Donald Trump antes de “My Own Country”. Depois, o show prosseguiu com a mesma dinâmica de sempre, com o vocalista Jim fazendo brincadeiras, tocando os covers “Do what you want” (Bad religion), “Wild in the streets” (Circle Jerks), diversos discursos políticos e uma incansável sequência de clássicos como “Society”, “Unknown Road” e “Every single Day”.
Os grandes destaques do show foram as músicas “Yesterdays” (quase sempre ausente do setlist) e “As Long As We Can”, do último álbum “Never Gonna Die”. Na parte final do show, o guitarrista Fletcher interagiu novamente com o público, afirmando que “ficou sabendo sobre um novo presidente fascista que iria assumir o poder do país e que a mesma situação ocorre no Estados Unidos agora”. Depois, Fletcher disse “que não há nada a temer, pois o poder sempre emanará do povo e que a comunidade Punk Rock sempre permanecerá unida para lutar contra o abuso de autoridade”, emendando com a música “Fuck Authority” e encerrando a primeira parte do show com um cover de “Stand by me” (Ben E King). Após uma pausa, os integrantes retornaram ao palco para um bis e a banda encerrou o show com a emblemática música “Bro Hyhm”.
Nunca uma edição do We are one festival gerou opiniões tão mistas por parte do público. Contou um ótimo lineup, preços acessíveis, atividades interativas das marcas patrocinadoras, merchs com feirinha bem organizada e cobertura nas redes com entrevistas. Em contrapartida o espaço escolhido, a acústica e problemas técnicos desagradaram algumas pessoas. Independentemente foi uma boa oportunidade para encontrar amigos, tomar algumas cervejas e assistir as bandas que admiramos.
Mais fotos evento:
Sugar Kane
Garage Fuzz
Belvedere
Comeback Kid
Pennywise
Domingo?